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Governo está a nomear para as ULS presidentes sem experiência em gestão hospitalar

Pelo menos três presidentes de unidades locais de saúde foram nomeados nos últimos meses mas não têm experiência em gestão hospitalar. A FNAM, e a IL, consideram que as decisões da ministra Ana Paula Martins podem por em causa o SNS.

Elsa Gonçalves

Márcia Torres

João Sotto Mayor

Ricardo Tenreiro

Ainda na semana passada, a administração do Amadora-Sintra saiu em colisão com a ministra da Saúde e desde que o Governo entrou em funções demitiram-se ou foram afastados conselhos de administração de 11 das 39 Unidades Locais de Saúde (ULS).

"Se não fazes o que eu mando és demitido ou faço com que te demitas, e assim tem acontecido. Recentemente, o conselho de administração que foi incapaz de seguir as ordens que a ministra deu também acabou por cair e abre portas para mais uma nomeação política, dando lugar a novos rapazes e raparigas para o seu lugar”, refere a Joana Bordalo e Sá, da FNAM.

Entre os que já foram substituídos, o Jornal de Notícias (JN) consultou os currículos de três estreantes. O presidente da ULS de Castelo Branco desde novembro é licenciado em geografia e doutorado em planeamento regional e urbano sem experiência em saúde.

Na ULS de Leiria está desde janeiro um especialista em medicina geral e familiar mas sem experiência na gestão de hospitais.

Para a ULS da Cova da Beira, o Governo escolheu um doutorado em economia com experiência académica na área da saúde mas sem que no currículo conste gestão hospitalar.

Todos os nomes foram aprovados pela Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CRESAP).

“Para estes cargos de gestão máxima de ULS têm que ter competência, experiência adquirida na área da gestão e não podem ser puras nomeações políticas, que é o este ministério de Ana Paula Martins tem estado a fazer. (…) O que FNAM defende é que haja uma participação ativa dos diferentes profissionais nas escolhas dos líderes, deveria haver um concurso público sujeito a escrutínio e regras democráticas e transparentes”, sugere.

A lei não impõe como obrigatória a gestão hospitalar, mas o estatuto do Serviço Nacional de Saúde (SNS) exige formação em administração ou gestão, de preferência na área da saúde e experiência profissional adequada.

A Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) considera questionável a escolha de quem não tem experiência em gestão hospitalar.

IL alerta para o “pior que pode acontecer ao SNS”

A Iniciativa liberal diz que é um péssimo sinal e pede clareza nos critérios.

“Creio que há o perigo de estarmos a fazer no SNS, que já tem tantos problemas, uma substituição não criteriosa das administrações atuais por novas administrações que sem provas dadas, sem perfil, sem currículo, e portanto só podemos imaginar que isso se esteja a fazer por proximidade partidária, e isso é o pior que pode acontecer no SNS", contestou Rui Rocha.

O líder dos liberais pronunciou-se sobre as nomeações durante uma visita ao Centro Hospitalar de Gaia, onde a administração terminou o mandato em dezembro e continua num impasse sem saber se vai ou não ser reconduzida.

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