Ainda na semana passada, a administração do Amadora-Sintra saiu em colisão com a ministra da Saúde e desde que o Governo entrou em funções demitiram-se ou foram afastados conselhos de administração de 11 das 39 Unidades Locais de Saúde (ULS).
"Se não fazes o que eu mando és demitido ou faço com que te demitas, e assim tem acontecido. Recentemente, o conselho de administração que foi incapaz de seguir as ordens que a ministra deu também acabou por cair e abre portas para mais uma nomeação política, dando lugar a novos rapazes e raparigas para o seu lugar”, refere a Joana Bordalo e Sá, da FNAM.
Entre os que já foram substituídos, o Jornal de Notícias (JN) consultou os currículos de três estreantes. O presidente da ULS de Castelo Branco desde novembro é licenciado em geografia e doutorado em planeamento regional e urbano sem experiência em saúde.
Na ULS de Leiria está desde janeiro um especialista em medicina geral e familiar mas sem experiência na gestão de hospitais.
Para a ULS da Cova da Beira, o Governo escolheu um doutorado em economia com experiência académica na área da saúde mas sem que no currículo conste gestão hospitalar.
Todos os nomes foram aprovados pela Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CRESAP).
“Para estes cargos de gestão máxima de ULS têm que ter competência, experiência adquirida na área da gestão e não podem ser puras nomeações políticas, que é o este ministério de Ana Paula Martins tem estado a fazer. (…) O que FNAM defende é que haja uma participação ativa dos diferentes profissionais nas escolhas dos líderes, deveria haver um concurso público sujeito a escrutínio e regras democráticas e transparentes”, sugere.
A lei não impõe como obrigatória a gestão hospitalar, mas o estatuto do Serviço Nacional de Saúde (SNS) exige formação em administração ou gestão, de preferência na área da saúde e experiência profissional adequada.
A Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) considera questionável a escolha de quem não tem experiência em gestão hospitalar.
IL alerta para o “pior que pode acontecer ao SNS”
A Iniciativa liberal diz que é um péssimo sinal e pede clareza nos critérios.
“Creio que há o perigo de estarmos a fazer no SNS, que já tem tantos problemas, uma substituição não criteriosa das administrações atuais por novas administrações que sem provas dadas, sem perfil, sem currículo, e portanto só podemos imaginar que isso se esteja a fazer por proximidade partidária, e isso é o pior que pode acontecer no SNS", contestou Rui Rocha.
O líder dos liberais pronunciou-se sobre as nomeações durante uma visita ao Centro Hospitalar de Gaia, onde a administração terminou o mandato em dezembro e continua num impasse sem saber se vai ou não ser reconduzida.