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Eduardo Cabrita: "Para o Governo e a extrema-direita, a imigração vem sempre colada a uma questão de segurança"

O antigo ministro da Administração Interna defende que a questão da imigração está relacionada com "integração" e não com "segurança". Ao mesmo tempo critica o atual Governo por ter criado um "problema grave" ao extinguir a manifestação de interesses, que consiste num pedido de autorização de residência em Portugal por parte de cidadãos estrangeiros.

Mariana Jerónimo

A questão da imigração volta a estar na ordem do dia depois de Pedro Nuno Santos, secretário-geral do Partido Socialista (PS), ter feito várias declarações sobre o assunto que geraram discórdia dentro do seu partido. Em entrevista ao semanário Expresso, admitiu que não se fez tudo bem nos últimos anos quanto a este tema e vai propor uma solução legislativa que permita regularizar imigrantes que estão a trabalhar, mas recusa recuperar a manifestação de interesses.

Em entrevista à SIC Notícias, Eduardo Cabrita defende que a questão da imigração está relacionada com "integração" e não com "segurança" e defende o líder socialista.

"Para o Governo e para a extrema-direita a emigração vem sempre colada a uma questão de segurança. Para Pedro Nuno Santos a imigração tem desafios, áreas em que é preciso fazer mais", sublinha o antigo ministro da Administração Interna.

Recorda que, nos últimos dois anos, o "crescimento do número de migrantes fruto do crescimento da economia portuguesa" foi um dos maiores na Europa e criticou a demora associada à criação da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA).

A manifestação de interesse, um pedido de autorização de residência em Portugal por parte de cidadãos estrangeiros, foi extinta pelo atual Governo como parte de um plano para promover a "imigração regulada e com regras".

Para Eduardo Cabrita, esta extinção não passa de um problema criado pelo Executivo de Luís Montenegro. Ao mesmo tempo alerta para a propagação de "mentiras" por parte da extrema-direita que tem afirmado que a manifestação de interesse se destinava a pessoas "ilegais" a residir no país.

"Nós hoje estamos com um problema grave criado pelo Governo. A forma como, demagogicamente anunciou o fim da manifestação de interesse sem colocar nada, está hoje a criar um problema que põe em causa os objetivos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e, portanto, se não há manifestação de interesse, é preciso encontrar uma alternativa e isso foi um problema criado pelo Governo. Acho que o Governo devia manifestar abertura porque sem o Partido Socialista (PS) não construirá uma solução, sendo um Governo ultraminoritário", refere.

Do outro lado, também em entrevista à SIC Notícias, a antiga ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, mostrou-se estupefacta com a "mudança de posição" do Partido Socialista (PS) sobre a imigração e o discurso sobre aceitação de culturas, criticando uma aproximação à agenda da direita e extrema-direita.

- Com Lusa

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