A denúncia anónima chegou à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) no início de novembro. Dois inspetores estiveram no Hospital de Gaia, onde António Gandra d'Almeida fez uma operação plástica em outubro.
O atual diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que entretanto pediu a sua demissão, sofre de Schwannoma, um tipo de tumor benigno que afeta células no sistema nervoso periférico. Foi a razão pela qual lhe foi atribuído 60% de incapacidade em 2020 e terá estado também na origem da cirurgia.
Os inspetores estão a tentar apurar se Gandra d'Almeida passou (ou não) à frente de outros doentes indevidamente. A primeira consulta, não presencial, terá sido marcada diretamente por um médico o que foge ao protocolo.
Aconteceu a 14 de junho, dia em que iniciou funções como diretor-executivo do SNS. Foi inscrito para cirurgia a 19 de setembro e operado um mês depois.
O tempo de espera para cirurgia terá sido cumprido, mas há a suspeita de que tenha sido tratado como um caso prioritário não o sendo. Também levanta dúvidas o facto de ter sido operado em regime de internamento e não ter ficado internado.
A Unidade Local de Saúde (ULS) de Gaia-Espinho garante que não recebeu nenhuma queixa oficial. António Gandra d'Almeida nega a acusação de que passou à frente de outros doentes e diz que "tudo foi feito segundo as regras".
A Inspeção Geral das Atividades em Saúde (IGAS) previa concluir o relatório na primeira quinzena de janeiro, mas deverá revelar as conclusões nos próximos dias.