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Operação da PSP no Martim Moniz teve ou não interferência do Governo?

A ministra da Administração Interna garante que o Governo não deu nenhuma indicação para a operação no Martim Moniz. Acontece que, nas últimas semanas, diferentes elementos do Governo, incluindo o primeiro-ministro, têm feito declarações que não vão no mesmo sentido.

Ana Filipa Nunes

Flávio Bártolo

João Venda

Eduardo Horta

Oito dias depois da segunda operação policial no Martim Moniz, a ministra Margarida Blasco veio a público garantir que "as polícias têm a sua autonomia em termos de operacionalidade, fazem-no, repito, com o Ministério Público, com as autoridades judiciárias, e o Governo não teve qualquer interferência nesta operação".

Mas, há semanas, no Parlamento, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, a confirmava indicações diretas às polícias: "Temos várias calendarizadas e demos introduções às forças de segurança, à tal equipa de multiforças, para continuar a fazer este trabalho no terreno".

Instruções diretas para as operações conjuntas das forças de segurança entre novembro e dezembro. Na primeira operação no Martim Moniz, a 8 de novembro, as polícias fiscalizaram estabelecimentos comerciais, imigração ilegal e tráfico de seres humanos.

A própria PSP, em entrevista à SIC, três dias depois a 11 de novembro, garantiu que tinha recebido ordem superior: "Ela [a operação] é coordenada pelo Sistema de Segurança Interna, foi uma orientação do Governo, uma orientação governamental, (...), com diversos objetivos, o grande e primeiro objetivo era, obviamente, a prevenção criminal e o combate ao crime", revelou Hugo Palma, diretor do Departamento de Gestão de Fronteiras da PSP.

Volvido quase um mês, a 19 de dezembro foi desencadeada outra operação no Martim Moniz. Desta vez, uma "operação especial de prevenção criminal na Rua do Benformoso" com a PSP e uma procuradora do Ministério Público.

Nesse mesmo dia, o primeiro-ministro falou a partir de Bruxelas, dizendo ser "muito importante que estas operações decorram e que haja visibilidade e proximidade no policiamento e na fiscalização de atividades ilicitas".

Já esta sexta-feira, 27 de dezembro, Luís Montenegro afastou qualquer forma de extremismo no Governo e falou em "retórica política".

"(...) Que se possa considerar ações de natureza preventiva, de natureza policial em contextos localizados, onde há histórico recente de prática reiterada de crime com uma expressão de governação extremista. Sinceramente, creio que, não subjaz a esta declaração nada mais que um simples lance de retórica política", afirmou o chege do Governo.

Operações desencadeadas no âmbito da campanha "Portugal Sempre Seguro".

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