Depois de uma noite de domingo atribulada, a mãe do Tiago, de 9 anos, decide ligar para a linha SNS 24 pelas 7:30. O filho tinha febre alta, queixava-se de tonturas e falta de força nas pernas.
A família mora na Maia, mas está inscrita num centro de saúde no concelho vizinho - a Trofa - a poucos quilómetro de casa.
“Perguntaram-nos de que distrito é que nós éramos, disse que era do Porto, mas que o meu centro de saúde é fora do meu concelho de residência e talvez fosse isso que nos levasse a ser encaminhados para uma unidade de saúde que fica noutro distrito até porque Famalicão já pertence a Braga”, explica Berta Moreira, mãe de Tiago.
A confusão começa quando recebe uma SMS com informação incompleta e pouco clara em relação ao hospital onde deveria levar o filho.
“CAC - ULS Médio Ave nem sequer número de telefone tem. Vem com a rua 25 de abril, apartado 6, Riba de Ave. Chegámos lá, estamos numa rua comprida e estamos perdidos”, relata a mãe de Tiago
O hospital era o Narciso Ferreira, uma unidade da misericórdia que tem um protocolo com o Hospital de Famalicão. Mas nem na mensagem, nem ao telefone, foi dado esse contexto à família.
Desorientada, Berta volta a ligar para a linha SNS 24 e é aconselhada a tentar o serviço de atendimento prolongado em Famalicão, por ter uma morada semelhante. Mas encontraram esta unidade fechada.
“Acredito que por desconhecimento também diz: olhe se calhar não é rua 25 de Abril, Riba de Ave, deve ser Avenida 25 de Abril, Famalicão, e realmente existe lá uma unidade de saúde, penso ser um Centro de Saúde, que foi onde nós achámos que nos devíamos dirigir”, explica Berta Moreira.
Por iniciativa própria deslocam-se ao hospital de Santo Tirso para pedirem ajuda e é uma funcionária que consegue, com sucesso, uma nova chamada para o SNS 24. A criança acaba por ser referenciada para o hospital de São João, no Porto.
“D São João estarei a cerca de 10/15 quilómetros se tanto e de Famalicão estou a 40. É basicamente isso, não tem lógica. É que se lhe tivesse dado outra crise eu não sei como é que ia ser, nós íamos entrar em pânico, íamos ter de ligar para o 112 do meio de uma rua qualquer. Não sabíamos sequer onde é que estávamos”, conta Berta.
Até ao momento, os serviços partilhados do Ministério da Saúde não responderam ao pedido de esclarecimentos da SIC.