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António Costa nos bastidores do Conselho Europeu: das ambições do novo cargo à dinâmica com Ursula von der Leyen

António Costa diz que ser presidente do Conselho Europeu é menos stressante e dá mais qualidade de vida, mas o novo cargo não está isento de desafios. Da dinâmica com Ursula von der Leyen à conjugação de vontades de 27 líderes, a reportagem em exclusivo nos bastidores e preparativos da primeira cimeira do português.

Susana Frexes

Bruno Andrade

SIC Notícias

Depois da queda polémica do Governo, António Costa chega ao topo de uma instituição europeia para assumir um cargo mais bem pago e menos stressante do que ser primeiro-ministro. Numa altura em que a União Europeia (UE) se vê obrigada a repensar o papel no mundo e no xadrez geoestratégico.

Conta menos de um mês no cargo e duas viagens de comboio à Ucrânia e a um ex-Estado membro. Nas duas horas de viagem até ao Reino Unido finalizam a declaração conjunta que sairá da reunião com o primeiro-ministro britânico. Depois do divórcio, há vontade dos dois lados de melhorar as relações e a cooperação.

António Costa levava um convite e Keir Starmer aceitou - ir a Bruxelas em fevereiro - participar numa das inovações do novo presidente do Conselho Europeu - um retiro de líderes para refletirem sobre defesa.

Como será a dinâmica "Costa/Von der Leyen"?

Este é um dos principais testes ao mandato do novo presidente do Conselho Europeu, sobretudo porque correu muito mal com o antecessor Charles Michel, com que a alemã mal falava. Agora os dois presidentes almoçam a cada 15 dias e os gabinetes estão em contacto permanente para preparar as cimeiras e evitar mal entendidos.

Ursula Von der Leyen é conhecida por ser controladora, uma máquina de dar boas notícias e ganha-lhe em popularidade. Já António Costa beneficia de mais anos à mesa dos líderes. Agora passou a cadeira a Luís Montenegro e aprende uma nova coreografia.

Pela frente tem muitas caminhadas até a sala de imprensa. Na estreia, esta quarta-feira, prestou contas sobre a Cimeira entre os 27 e os Balcãs ocidentais. Só que os seis países querem mais do que uma foto de família e é preciso gerir as frustrações.

Costa invoca as regras do novo cargo para se afastar da política nacional

A conversa com o chefe do Governo espanhol acontece, na manhã de quinta-feira, na reunião dos Socialistas Europeus. António Costa continua a marcar presença nas reuniões da família política, mas invoca as regras do novo cargo para se afastar da política nacional.

O encontro entre socialistas serve para alinhar posições antes do Conselho Europeu, só que António Costa já não tem poder de decisão. Fala menos em nome próprio e mais em nome dos 27. Um equilíbrio difícil e o risco é de defender posições que não defenderia como primeiro-ministro.

"Espero que isso não aconteça. Se isso acontecer, espero relembrar, reviver os meus tempos de advogado, onde tinha uma causa para defender e era essa a causa que eu defendia. A convicção de um advogado é sempre na causa que tem para defender", afirmou António Costa.

Os 27 chegaram a acordo sobre o texto final ainda antes de a cimeira começar. O que não acontecia desde 2012, mas a discussão política mais interessante, incluindo sobre Donald Trump, ficou fora no papel.

As expectativas são elevadas. A questão é se consegue manter a mesma eficácia quando houver decisões difíceis para tomar nas migrações, no apoio à Ucrânia e da sempre polémica negociação dos fundos europeus.

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