País

Após “maus resultados”, PCP dá nega a PS nas autárquicas, mas deixa cenário em aberto nas presidenciais

Em entrevista à SIC Notícias, Paulo Raimundo aponta o crescimento de forças reacionárias como explicação para a perda de votação dos comunistas, nas legislativas. O líder do PCP acusa também o PS de escolher a direita em vez da esquerda e, por isso, rejeita coligações com os socialistas nas autárquicas. Já nas presidenciais, admite apoiar um candidato que não seja apresentado pelo partido.

Rita Carvalho Pereira

O Partido Comunista Português (PCP) reconhece os “maus resultados” eleitorais que tem alcançado. Paulo Raimundo atribui a perda de representatividade, em parte, ao crescimento de forças reacionárias e de cariz fascizante”. Ainda assim, o partido mantém o objetivo de, nas próximas autárquicas, segurar as 19 câmaras que tem. Quanto às presidenciais, admite não apresentar um candidato próprio e apoiar uma candidatura que envolva outras forças políticas. 

Entrevistado, esta terça-feira, na SIC Notícias, Paulo Raimundo – que, no último fim de semana, foi reeleito secretário-geral do PCP, em congresso -, assumiu que o partido não está satisfeito com os últimos resultados eleitorais (tendo passado para um terço dos deputados que tinha, no Parlamento, em apenas dez anos). 

Não ficamos satisfeitos com esses resultados, não servem o PCP – nem os trabalhadores, o nosso povo e a juventude”, assumiu o líder comunista. 

Mas Paulo Raimundo defende que a perda de representatividade do PCP tem de ser vista à luz do crescimento de forças de extrema-direita, como o Chega. 

O contexto não é favorável”, afirmou. “Acentuaram-se conceções reacionárias, até de cariz fascizante. As forças progressistas são alvo desse contexto.” 

Ainda assim, o secretário-geral do PCP garante que o partido está empenhado em contrariar os maus resultados. “Se há coisa que não fazemos é por a cabeça na areia”, garantiu.

As autárquicas: melhorar, mas sem o PS

E pretende fazê-lo já nas próximas eleições autárquicas, em setembro do próximo ano. É aqui que o PCP, atualmente a terceira maior força política autárquica, pretende defender as 19 presidências de câmara que mantém.  

“E queremos ir mais longe”, assegurou Paulo Raimundo, adiantando que a meta eleitoral passa também por reforçar o número de vereações, presidências de juntas e assembleias municipais. 

O secretário-geral do PCP deixa, por isso, um aviso: não aceita ser olhado como um dos elos mais fracos. 

“Não vamos admitir que entremos para esta batalha eleitoral a partir de uma linha de preconceito e de menorização”, declarou. 

Quanto a eventuais novas coligações para alcançar esse objetivo, essas são rejeitadas. Isto porque, nota o líder do PCP, os comunistas já têm parceiros leais – o Partido Ecologista “Os Verdes”, a associação Intervenção Democrática e “muitos independentes”. 

Questionado diretamente sobre potenciais alianças com o PS, Paulo Raimundo responde que os socialistas têm feito “as suas opções”, escolhendo aliar-se à direita, em vez de à esquerda. 

Paulo Raimundo aponta, a título de exemplo, a viabilização do Orçamento do Estado para 2025 apresentado pelo Governo PSD/CDS e a viabilização do orçamento da autarquia de Lisboa, também ela liderada pelo sociais-democratas (enquanto chumbou o orçamento da câmara de Setúbal, uma autarquia da CDU). 

Só o PS pode ser responsabilizado pelas opções que faz”, disse, por isso, Paulo Raimundo. 

E nas presidenciais? Tudo em aberto

Mas quando o assunto são as eleições para a Presidência da República, o cenário já muda de figura. O PCP, que tem por tradição ir a jogo com um candidato próprio - o último foi João Ferreira, atual vereador em Lisboa – admite, agora, seguir por outra via. 

Paulo Raimundo revela que é possível que o partido encontre, nas presidenciais de 2026, “outras soluções que não sejam um candidato próprio”. 

Quais serão elas? Isso é que, aos olhos do líder comunista, ainda é muito cedo para dizer.

É uma preocupação que está muito longe. As pessoas estão preocupadas com os salários, com as pensões, com as condições de vida. Não com as presidenciais, afirmou. 

Últimas