A imigração foi um dos temas em discussão no debate quinzenal com o primeiro-ministro, esta quarta-feira, no Parlamento. Luís Montenegro voltou a frisar que não quer um modelo de "portas escancaradas", sob críticas do líder da oposição.
O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, atacou o Governo pelo fim do regime de“manifestação de interesse”, que permitia aos imigrantes entrar em Portugal sem contrato de trabalho.
O líder socialista afirmou que essa figura “não foi substituída por nenhuma alternativa”, o que criou “um problema”: vários setores da economia portuguesa a “queixarem-se da falta de trabalhadores”.
“Não abdicamos que haja um visto de trabalho ou de procura de trabalho para aqueles que se dirigem a Portugal”, declarou, por sua vez, o primeiro-ministro.
Luís Montenegro sustenta que a decisão de acabar com a manifestação de interesse corresponde ao princípio de “não ter a porta escancarada”.
“As pessoas não vêm só por vir. Só porque manifestaram o interesse. As pessoas vêm para trabalhar”, defendeu.
Chega é bola de pingue-pongue entre PS e Governo
Pedro Nuno Santos lembrou que, com o anterior regime, os imigrantes descontavam para a Segurança Social “durante 12 meses” e acusou o chefe de Governo de ceder na “disputa eleitoral com o Chega”.
Perante a acusação do líder da oposição, o primeiro-ministro atirou que, em matéria de “convergência com o Chega”, é Pedro Nuno Santos e o PS quem dá “lições a qualquer outra bancada, incluindo a do Governo”.
“Naquilo que é essencial, em matéria de impostos, em matéria de pensões, os senhores estão de acordo, conversam, combinam e têm chegado a entendimentos - mesmo contra a vontade do Governo”, respondeu.
Pedro Nuno Santos questionou ainda Luís Montenegro sobre qual o destino dos imigrantes a quem já foi rejeitada a entrada no país - 118 mil dos 400 mil processos de regularização que estariam pendentes.
“Quem são esses 118 mil ?Onde é que estão? Vão sair? Não vão sair? Como é que vão sair? E como é que se articula isso com a necessidade que têm vários setores da economia em ter trabalhadores? Porque, obviamente, não vão ser os deputados de Chega a trabalhar na construção civil. Quem é que o fará?", lançou o secretário-geral do PS.
Luís Montenegro respondeu que “muitos já não estão em Portugal”. “Eoutros tantos que estão, e que não estão disponíveis para cumprir as regras, terão de se ir embora. É essa a consequência”, concluiu.