O pescado que vai chegando à pequena lota da Fuzeta vai atenuando um ano terrível da frota do polvo. Sérgio Batista, mestre de embarcação de pesca, diz que foram “quatro meses parados, em que não havia nada”, mas agora “já se vai arrebanhando alguma coisa”.
E voltaram a apanhar em boa altura. Já andam por aí os compradores espanhóis, sedentos pela matéria-prima mais cobiçada nas consoadas do outro lado da fronteira.
“Temos tido bastante polvo agora, todos os dias. E os espanhóis têm vindo comprar”, comenta o presidente da Associação dos Armadores de Pesca da Fuseta, Humberto Gomes.
É como que uma tábua de salvação para as quase 400 embarcações que dependem da captura do polvo no Algarve. Por falta de recurso, sofriam até setembro uma quebra de 80%. Agora já há barcos a trazer 200 quilos de capturas para terra.
Preço continua a subir
O preço já vai 2 a 3 euros mais caro em lota do que no ano passado. Quando chegar a procura da consoada em força, ficará ainda mais caro.
"O preço do polvo tem-se mantido elevado, exatamente por não ter havido polvo no resto do ano", afirma Sónia Olim, da mesma associação, alertando que o preço polvo nacional deva subir nas próximas semanas.
Boas notícias para quem levou meses sem o pescar, más notícias para quem o quer à mesa de Natal.
Para evitar nova escassez nos próximos anos, a frota algarvia apresentou um plano de co-gestão ao Governo.
Num ano normal, o Algarve captura cerca de metade do polvo português. Mas é preciso ir a Trás-os-Montes ou a Espanha para o ver à mesa antes da missa do galo.