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Comparticipação de leite para crianças alérgicas atrasada por problema informático

A comparticipação do leite em pó para bebés e crianças alérgicas às proteínas do leite de vaca, que deveria ter entrado em vigor no início deste mês, está a sofrer atrasos. Os pediatras têm enfrentado dificuldades na prescrição médica da fórmula, e os pais estão a queixar-se da demora, especialmente pelo custo destas fórmulas.

Márcia Torres

João Pedro Tiago

Francisco Carvalho

O leite em pó para bebés e crianças alérgicas às proteínas do leite de vaca já devia ser comparticipado desde o início do mês, mas a aplicação da medida está atrasada e os pediatras têm tido problemas na prescrição médica. Os pais queixam-se da demora e lembram que a despesa pode chegar aos 300 euros por mês.

A Clara faz, nesta quarta-feira, cinco meses. Rejeitou o leite materno nos primeiros dias de vida e reagiu mal às proteínas do leite de vaca.

"Fomos abrir fralda, e reparamos que tinha sangue. Fomos às urgências e receitaram um leite específico, porque suspeitaram da alergia dela, que é um caso muito sério, porque pode dar reações anafiláticas, intestinais e respiratórias. É preocupante", explicou, à SIC, Tiago Amorim, o pai de Clara.

A fórmula que a Clara usa é também anti-refluxo. E difícil de encontrar e custa três vezes mais que uma lata de leite comum.

"Um pacote de leite dá para dois dias e custa 20 a 25 euros. No final do mês, são 300 a 350 euros. Uma pequena fortuna", disse, à SIC, Tiago Amorim.

Até agora, o Estado comparticipava apenas no custo das fórmulas elementares para alergias severas. Mas a portaria foi alargada em abril também para as extensamente hidrolisadas.

A alergia às proteínas do leite de vaca é um problema que pode ser a porta de entrada para outras alergias no crescimento da criança.

"Depois vai desenvolver alergia a outros alimentos. Mais tarde, começa a ter alergias respiratórias. É muito importante tratar a marcha alérgica e tentar fazer uma prevenção", explicou o presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia Pediátrica, Libério Ribeiro.

A comparticipação de 70% no custo desta fórmula alimentar devia ter arrancado dia 1 de novembro, mas não tem sido assim.

"Fomos a vários pediatras e à médica dela no centro de saúde, mas ninguém consegue fazer a receita. Quanto tentam prescrever, o leite não aparece no sistema e têm que fazer uma escrita manual, mas depois as farmácias não aceitam", revelou o pai de Clara.

Procuraram uma resposta do Ministério da Saúde, que remeteu para o PEM - Prescrição Eletrónica de Medicamentos -, que os aconselhou a contactar o SNS 24. Afinal, será um problema informático do INFARMED.

A alergia às proteínas do leite de vaca é a mais frequente, particularmente nos primeiros dois anos de vida. Calcula-se que haja em Portugal 200 a 400 mil pessoas com esta alergia alimentar.

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