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Abusos na Igreja: bispos discutem esta semana em Fátima o modelo de indemnizações a vítimas

O presidente da Conferência Episcopal diz que ninguém pode anular o mal que os abusos sexuais na Igreja causaram, mas sublinha que o pagamento de indemnizações é um passo importante no perdão.

João Maldonado

O presidente da Conferência Episcopal afirmou que ninguém pode apagar o mal causado pelos abusos sexuais dentro da Igreja, mas considerou que o pagamento de indemnizações é um passo importante para o perdão. O modelo de compensações financeiras é um dos principais temas discutidos na reunião dos Bispos, que decorre esta semana em Fátima.

Ainda não está claro quais medidas concretas poderão ser tomadas durante a Assembleia dos Bispos Portugueses. Os valores das indemnizações a serem pagas às vítimas de abusos ainda não foram revelados. Sabe-se apenas que os casos serão avaliados por duas comissões: uma responsável por analisar os pedidos e outra para determinar o valor a ser compensado. O dinheiro virá de um fundo, no qual todas as dioceses do país contribuem.

"Embora ninguém possa pagar ou anular os dramas do passado, queremos que este seja um passo importante no reconhecimento do mal que lhes foi infligido e no pedido de perdão, ajudando a curar feridas e reafirmar a dignidade, que nunca deveria ter sido violada. A questão dos abusos sexuais dentro da Igreja não pode, não deve e não terá retrocesso.", disse D. José Ornelas.

As vítimas poderão solicitar as indemnizações até o final do ano.

Na abertura da reunião em Fátima, o presidente da Conferência Episcopal também falou de outros assuntos, incluindo críticas à classe política. Disse que "nos últimos meses, em Portugal, a polarização política aumentou, o que é inadequado para um regime democrático.

“Esse clima parece esquecer as conquistas que mudaram o rumo da História de Portugal, há 50 anos, e os responsáveis políticos não podem falhar aos cidadãos que os elegeram para o bem de todos”, apontou D. José Ornelas.

No mês passado, o presidente da Conferência Episcopal já tinha afirmado que "na política, não pode valer tudo".

Além disso, a Igreja portuguesa está a avaliar novas formas de ajudar as pessoas afetadas pelos conflitos e guerras ao redor do mundo.

"A Igreja não vive para si mesma; ela vive em um mundo cheio de grandes desafios, ao qual não pode ser indiferente... Diante desse cenário alarmante, a comunidade internacional parece cada vez mais frágil e incapaz de interromper os conflitos e os interesses corporativos, que impedem a busca por soluções para as crises e o negacionismo sobre a grave situação da Terra.", afirmou D. José Ornelas.

A Assembleia Plenária terminará na quinta-feira, altura em que o presidente da Conferência Episcopal dará uma conferência de imprensa.

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