Há uma pergunta que continua sem resposta: onde está o corpo da grávida da Murtosa? A Polícia Judiciária fez inúmeras buscas e familiares e populares vasculharam em matas e reviraram poços, mas nada foi encontrado.
Um ano e um mês depois do desaparecimento da mulher de 33 anos, o Ministério Público (MP) de Estarreja formalizou a acusação contra o único suspeito, um empresário de quem a vítima teria engravidado.
A gravidez foi, de resto, o móbil do crime segundo o despacho de acusação. Fernando Valente está acusado de crimes graves, homicídio qualificado, aborto e profanação de cadáver. Arrisca pena máxima se for provada a culpa.
A investigação concluiu, que o homicídio foi concretizado num apartamento do arguido, na Praia da Torreira. Apartamento, que posteriormente foi limpo, com fortes detergentes, por um profissional contratado, considerada agora uma testemunha relevante.
Através de várias perícias, nomeadamente às comunicações, os investigadores obtiveram provas de que o casal manteve um relacionamento durante um ano, que não foi apenas um encontro de uma noite, como chegou a afirmar o arguido.
A acusação sustenta que a mulher grávida de 7 meses foi morta na noite em que desapareceu a 3 de Outubro do ano passado. Saiu de casa com as ecografias da gravidez para se encontrar com Fernando e nunca mais foi vista.
Segundo o MP, o homem premeditou o homicídio para evitar que lhe viesse a ser imputada a paternidade da criança em gestação. Mas, como num puzzle, faltam peças à acusação. Como foi morta? Como desapareceu o corpo? São circunstâncias não apuradas no inquérito.
A pedido do MP o processo será julgado por um Tribunal de Júri. Este tipo de tribunal é normalmente solicitado para julgar os chamados crimes de sangue com repercussão social e que causam forte comoção. O MP também deduziu um pedido de indemnização de 200 mil euros a favor dos dois filhos da vítima.