A Polícia de Segurança Pública (PSP) tem 295 tasers para cerca de 14 mil agentes, tendo a última aquisição acontecido há mais de seis anos. Para a Associação Sindical dos Profissionais da Policia (ASPP/PSP) o motivo está “na falta de investimento”.
"Os tasers não estão a ser mais utilizados porque não os há por falta de investimento. E o que sabemos é que normalmente quem recorre a esta arma é o pessoal das equipas de intervenção rápida e alguns elementos da unidade especial de polícia e muito poucos da patrulha.", afirma Paulo Santos, presidente da ASPP/PSP.
O jornal Público avançou que este equipamento é utilizado por 14 mil polícias de segurança pública que andam na rua, tendo a última grande aquisição de tasers acontecido em junho de 2018. No ano seguinte, a GNR fez um contrato mais pequeno e, em 2020 e 2022, a PSP adquiriu coldres, cartuchos e baterias.
"Era importante os carros patrulha e as equipas serem apetrechados a nível nacional para que a nossa missão fosse desenvolvida com maior segurança, não só os tasers mas também as bodycams.", reiterou o presidente da ASPP/PSP.
Para Tiago Fernandes, porta-voz do SINAPOL, os tasers deveriam fazer parte do equipamento de um agente da PSP tal como “um par de algemas, uma arma e um bastão”: “Quando este tipo de situações surgem, não podemos estar à espera de uma equipa de intervenção rápida em que, de seis, apenas um tem”. Não existindo taser, o que sobra ao elemento policial é "efetivamente a arma de fogo, e essa sim tem uma elevada taxa letal”, conclui o porta-voz.
A discussão sobre o uso de armas não letais foi reavivada com a morte de Odair Moniz, baleado por um agente da PSP no dia 21 de outubro. Para os sindicatos, o gás pimenta nem sempre é a melhor opção pois caso o vento esteja na direção de quem o utiliza, o gás pode atingir o agente e não o alvo inicial. Também as bodycams foram trazidas para a conversa pois, apesar de aprovadas, ainda não chegaram às mãos das forças de segurança.
“Tenho de falar com o Diretor Nacional da PSP para averiguar as razões da não utilização dessas câmaras. Penso que é um instrumento útil essencialmente para defesa da PSP”, considera Amadeu Guerra, Procurador-geral da República.
Cada taser pode custar entre 500 a dois mil euros.