André Ventura revela que vai continuar a trabalhar para o Chega o assessor parlamentar do partido que celebrou, nas redes sociais, a morte de um homem às mãos da polícia. O líder do Chega alega que a publicação foi feita com o objetivo de defender a polícia.
“Já tive a oportunidade de falar com ele. Esse assessor vai continuar a trabalhar connosco”, afirmou, esta quinta-feira, André Ventura, em declarações aos jornalistas, na Assembleia da República.
O presidente do Chega afirma que o assessor do partido explicou “as circunstâncias” da publicação feita nas redes sociais.
“Tinha o objetivo de defender a polícia e o Estado de Direito, e isso pareceu-me justificativo do momento”, sustentou André Ventura.
O líder do Chega ressalva, apesar de tudo, que o partido não subscreve aquilo que foi escrito pelo seu assessor parlamentar. “Se subscrevêssemos, estava lá ainda e não está.”
A publicação em causa foi feita por Ricardo Reis, assessor do grupo parlamentar e dirigente da Juventude do Chega. Na rede social X, defendeu que a morte de Odair Moniz, baleado pela polícia no bairro da Cova da Moura, representava “menos um criminoso, logo menos um eleitor do Bloco de Esquerda".
A publicação foi, entretanto, apagada da rede social.
“Há momentos em que é preciso disparar a matar”
Esta não é a única polémica recente do Chega, relativa à morte de Odair Moniz. Esta quarta-feira, o líder parlamentar do partido, Pedro Pinto, afirmou, durante um debate na RTP3, que, se as forças de segurança "disparassem mais a matar, o país estava mais na ordem".
O líder da bancada do Chega alegou que a declaração foi "uma simples suposição e com algum tipo de ironia", ainda assim, o momento mereceu a condenação dos vários partidos políticos, na Assembleia da República.
O presidente do Chega veio também, esta quinta-feira, reagir às críticas e defender o líder parlamentar. André Ventura declarou que a polícia "não pode ter medo de disparar" e que "há momentos onde é preciso disparar a matar".
“O que o deputado Pedro Pinto teve a intenção de dizer e que disse foi que a polícia não pode ter medo de atirar em Portugal”, começou por afirmar.
“Hoje o que temos é polícias que têm medo de usar a arma, porque têm medo das consequências do uso dessa arma”, alegou.
André Ventura continuou com a argumentação de que, se um indivíduo estiver armado, independentemente de ser uma arma branca ou de fogo, a resposta da polícia deve ser atirar.
“Ontem ouvi uma discussão sobre, se o homem viesse com um punhal ou com uma faca, o porquê de usar uma arma de fogo. O que é que era suposto? Era fazer karaté com o homem?", ridicularizou
“Se alguém vai matar um polícia, eu prefiro que morra o bandido do que o polícia”, concluiu. “Há momentos em que é preciso disparar a matar.”
[Notícia atualizada às 17h45]