No discurso de encerramento do 42º congresso do PSD, Luís Montenegro anunciou sete medidas que o Governo quer implementar, uma das mais aplaudida foi o anúncio de que vai mexer na disciplina de Cidadania, para a libertar de ideologias. Para Filinto Lima a polémica em torno desta disciplina é fundamentalmente política e ideológica.
"É evidente que a Cidadania e Desenvolvimento neste momento não é um problema das escolas, é um problema dos partidos políticos de esquerda e direita, mas eles devem-se entender.
Os conteúdos programados que são lecionados nestas nestas disciplinas. Acho que são bastante consensuais na sociedade portuguesa. Os direitos humanos, os media, a educação ambiental, a segurança rodoviária são temas que podem ser abordados (…) a grande temática que está aqui em causa penso que é a temática da sexualidade, é um dos temas que pode ser abordado também no contexto desta disciplina", explica Filinto Lima.
O presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas lamenta que o Governo não se centre na resolução dos verdadeiros problemas das escolas, como a falta de professores e de funcionários.
Filinto Lima diz ainda que os Governos têm uma tentação recorrente quando entram em funções que dificulta o funcionamento das escolas.
“Os nossos governos, os nossos partidos políticos, quando chegam ao governo têm sempre a tentação ao nível do Ministério e mexem todos ou quase todos no currículo, naquilo que se vai ensinar aos nossos alunos. Ou seja, há sempre aquela tentação de quando se chega ao poder mexer nestas grandes temáticas”, sublinha.
“Isto é uma crítica para os governos de esquerda e é uma crítica para os governos de direita. O que nós gostaríamos é que os partidos políticos, principais partidos políticos, estou a falar do PS e do PSD, que se entendessem que criassem, como diz o Professor Marcelo Rebelo de Sousa, um acordo de regime ou então, como nós dizemos, um pacto na Educação em relação a estas temáticas que deveriam perdurar no tempo”, apela Filinto Lima.
O presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas pede “previsibilidade e estabilidade” naquilo que seleciona nas escolas e recorda os vários problemas graves que as escolas enfrentam.
Quanto à disciplina de Cidadania, Filinto Lima conclui: “Penso que a polémica tem mesmo a ver com a temática da sexualidade e o modo como ela é abordada, o modo é ensinada, mas muitas vezes também é preciso que se diga, os professores até convidam médicos e enfermeiros para lecionar essas temáticas que são temáticas sensíveis e, portanto, nós tentamos fazer o melhor”.