País

Falta de professores "aos poucos estende-se a todo o país, quase que a transformar-se numa pandemia"

Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, faz um balanço do primeiro mês do ano letivo, com destaque para o problema da falta de professores que, segundo a Fenprof, afeta cerca de 34 mil alunos.

SIC Notícias

O ano letivo arrancou há cerca de um um mês. Dados da Fenprof, avançados pelo jornal Público, revelam que há cerca de 34 mil alunos sem aulas a pelo menos uma disciplina. Os diretores escolares dizem ainda estar à espera dos efeitos das medidas do Governo. Em entrevista na SIC Notícias, Filinto Lima sublinha que a falta de professores está a estender-se a todo o país e ameaça "transformar-se numa pandemia".

A Fenprof, que diz que há cerca de 34.000 alunos neste momento sem aulas a pelo menos uma disciplina. O ano passado, por esta altura, seriam cerca de 45.000. Contudo, o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas sublinha que o problema persiste e tende a alastrar-se a todo o país.

"A nuvem cinzenta de que falávamos desde o ano passado, tem a ver com a escassez de pessoas que persiste, muito localizada em Lisboa e vale do Tejo e Algarve, mas aos poucos também a estender-se para o resto do país, quase que a transformar-se numa pandemia.

Na verdade, neste momento temos ainda milhares de alunos com falta de professores, pelo menos a uma disciplina em grupos que são muito carenciados, Português, TIC, Geografia, Inglês, ou seja, um pouco por todos os grupos de recrutamento", sublinha.

Filinto Lima mostra-se, no entanto, disposto a esperar pelo efeito das medidas do Governo:

"É necessário, de facto, que esta situação seja resolvida. Estou convencido que uma das medidas do Governo que temos que esperar pelo seu sucesso ou não, espero que seja sucesso, tem a ver com o concurso de vinculação extraordinária, cujos resultados só iremos saber na segunda metade de novembro.

Nós tivemos 2300 vagas para mais de 5000 candidatos. Iremos perceber quem são esses candidatos, se conseguem preencher as lacunas destas 263 escolas que estão sinalizadas, como escolas com a escassez de professores."

“Temos 2% de escolas que estão a proibir o uso telemóvel”

Sobre a recomendação feita pelo Governo relativamente ao uso dos telemóveis nas escolas, Filinto Lima diz que a maior parte dos estabelecimentos de ensino terá optado por manter as regras do regulamento interno e não proíbem.

"Temos 2% de escolas que estão a proibir o uso telemóvel. Agora, há um reavivar desta discussão que me parece pertinente e cada escola depois seguirá o seu caminho. Parece-me ser muito interessante que o Ministério da Educação não se intrometeu numa área que merece a autonomia das escolas", realça o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas.

Últimas