O Serviço Nacional de Saúde (SNS) assinala, este domingo, 45 anos. A criação do SNS fez melhorar de forma radical o acesso à saúde dos portugueses, mas, apesar do SNS nunca ter tido tanto dinheiro, nem tantos profissionais como agora, problemas como a falta de médicos tornaram-se crónicos e as falhas nos serviços geram críticas constantes. O SNS tornou-se grande dor de cabeça de todos os Governos, enquanto os privados ganham cada vez mais terreno.
É considerado uma das principais conquistas democracia. O Serviço Nacional de Saúde mudou de forma drástica a vida dos portugueses, em particular a mortalidade infantil, que caiu a pique.
Portugal era o país da União Europeia onde morriam mais crianças com menos de um ano e passou a ocupar o grupo de países com menor taxa de morte nessa faixa etária.
Mas o SNS nunca custou tanto aos cofres do Estado: orçamento de 14 mil milhões de euros é o maior de sempre.
Estado gasta mais de mil euros por habitante
Em 1980, o Estado não gastava na saúde mais do que 23 euros por habitante e agora o valor disparou para mais de 1.400 euros.
Os profissionais a trabalhar no SNS não paramde aumentar, sendo que são já 150 mil, o que significa 20% do emprego total das administrações públicas, logo a seguir à educação.
O aumento da esperança de vida e o facto de a população estar cada vez mais envelhecida e a exigir mais cuidados de saúde, que são também cada vez mais especializados, ajudam a explicar estes números.
Principais problemas do SNS
Mas o diagnóstico do SNS, numa altura em que assinala 45 anos de vida, é preocupante: falta de médicos, urgências sobrelotadas, falhas na resposta, em concreto nos cuidados primários e em áreas como a ginecologia e obstetrícia, sobretudo na região de Lisboa e no Algarve.
O número de portugueses sem médico de família já chega quase a 1,7 milhões.
Estas são razões que fazem do SNS o calcanhar de aquiles de todos os Governos.
No entretanto, os sistemas privados ganham cada vez mais terreno.
Num vídeo em que assinala a data, o primeiro-ministro defende que o SNS não se gere com preconceitos ideológicos e que precisa da colaboração de todos os sistemas para dar uma resposta eficaz.
Este ano, o Governo definiu um plano de emergência para a saúde, mas o prognóstico, para já, é reservado. Vai ser preciso tempo para perceber se é, ou não, capaz de tratar o SNS.