Não quis ser identificada, mas aceitou abrir a porta de casa para revelar o abrigo que construiu a oito metros de profundidade. O refúgio secreto fica na região do Minho. Começou a ser pensado no início da pandemia e ganhou forma depois de a guerra ter voltado à Europa.
A construção demorou quatro meses, custou cerca de 200 mil euros e será agora capaz de resistir a qualquer tipo de ataque ou desastre.
O abrigo tem cerca de 20 metros quadrados e foi concebido para funcionar em bolha. Tem fontes de água e energia independentes, assim como capacidade de regeneração de ar. Foi preparado para albergar quatro pessoas e tem autonomia de pelo menos um mês.
A fortaleza que promete ser inviolável foi projetada pela empresa de Rui Ribeiro. Este antigo emigrante em França apostou há dois anos numa ideia que diz ser muito mais do que um negócio.
Pandemia e guerra na Ucrânia explica procura
A guerra na Ucrânia colocou o mundo à beira de um novo desastre nuclear. Além das ameaças do Kremlin, as centrais nucleares de Zaporijia e Kursk na Rússia arriscam tornar-se uma repetição do que aconteceu em 1986 quando Chernobyl atirou partículas radioativas, para distâncias superiores a três mil quilómetros.
O empresário diz que o mundo está há muito a enviar sinais preocupantes, mas são poucos os que estão a apostar na prevenção.
Desde a Guerra Fria que a Suíça exige pelo menos um abrigo subterrâneo para cada nova construção. Hoje tem uma rede de quase 400 mil bunkers e está entre os países do mundo com maior taxa de cobertura. Aqui em Portugal, o tema ainda faz parte do desconhecido.
Rui Ribeiro garante trabalhar com material militar e diz seguir as normas que a Suíça aplica à construção de abrigos como os que está a vender em Portugal.
Além do aval da autarquia, a construção implica um estudo geológico do terreno. Só isso vai permitir que estas maquetes ganhem vida.
A empresa oferece dois modelos de abrigo: o mais caro é construído no local em betão armado, enquanto o mais barato é feito a partir de contentores com três tamanhos possíveis.
Foi essa a encomenda feita por este cliente que também não quis ser identificado. Vai gastar cerca de 150 mil euros na esperança de transformar este contentor num seguro de vida.
Mercado incipiente divide opiniões
Em Portugal o mercado está a dar os primeiros passos, mas já divide opiniões. Há quem fale em segurança e em prevenção, já outros em capricho e obsessão.
Quem acredita estar a garantir a própria sobrevivência espera acima de tudo que esta porta permaneça sempre fechada.