O Presidente da República quer ser incluído na escolha do próximo procurador-geral da República e não terá saído satisfeito da reunião semanal com o primeiro-ministro. A um mês da escolha, Luís Montenegro ainda não terá apresentado nomes concretos para suceder a Lucília Gago.
De acordo com a lei, para escolher o próximo nome que vai liderar o Ministério Público, é necessária uma dupla confiança política:oprocurador-geral da República é proposto peloprimeiro-ministro e depois nomeado pelo Presidente.
"Como aconteceu no passado, é uma escolha do Governo que depois é apresentada ao Presidente. Nuns casos o Presidente aceitou noutros não aceitou. Porque, sem a assinatura do Presidente, não há procurador ou procuradora", lembrou Marcelo Rebelo de Sousa, fazendo saber que tem de ser envolvido no processo de escolha.
Não se terá discutido nomes, apenas o “perfil”
Ao que a SIC apurou, na habitual reunião semanal com Luís Montenegro, o Presidente esperava entrar mais a fundo na sucessão de Lucília Gago, o que não terá acontecido - mesmo depois do diálogo prometido pelo primeiro-ministro.
Na conversa, não terão sido abordados nomes concretos. Terá sido apenas discutido o perfil de quem poderia assumir o cargo: por exemplo, um juiz, uma figura já dentro da estrutura do Ministério Público, ou uma personalidade indiscutível na Justiça portuguesa.
Montenegro não abre o jogo e, tal como já fez noutras ocasiões, poderá querer decidir, sozinho, no último minuto.
Além do PGR, há mais cargos por indicar
A um mês da decisão ter de ser tomada, o calendário aperta e o primeiro-ministro e o Presidente vão andar desencontrados, com viagens a Espanha, Estados Unidos da América, Estónia, Polónia e Chipre.
O nome que vai suceder a Lucília Gago permanece uma incógnita, mas não é o único pendente de uma escolha do Governo. Estão por indicar os próximos presidente do Tribunal de Contas, diretor-nacional da Polícia Judiciáriae secretário-geral do Sistema de Segurança Interna.