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Telemóveis nas escolas: "Não podemos deixar ficar ao critério do professor, até pela responsabilidade que existe"

Cristina Mota, da Missão Escola Pública, entende que a decisão sobre o uso do telemóvel nas escolas deveria ser "uma diretiva do Ministério da Educação".

SIC Notícias

Mais de um milhão de alunos regressam às aulas esta quinta-feira. O início do ano letivo fica marcado pela recomendação do Governo sobre a utilização dos telemóveis nas escolas. Em entrevista na SIC Notícias, Cristina Mota, da Missão Escola Pública, faz um ponto de situação no arranque de mais um ano letivo.

O ministro da Educação, Ciência e Inovação anunciou, esta quarta-feira, que o Governo vai recomendar às escolas a proibição do uso de telemóvel nos 1.º e 2.º ciclos e restrições no 3.º ciclo.

Cristina Mota considera que a questão dos alunos até ao 6.º ano levarem os telemóveis para a escola, não deveria sequer ser um tema que levantasse dúvidas.

"Devia ser mesmo proibido, agora no que diz respeito à implementação, entendemos que deverá ser algo que deverá vir a nível superior, uma diretiva do Ministério da Educação, pois cada escola poderá entender aplicar uma determinada medida e vamos criar aqui algumas situações diferentes de escola para escola", diz a docente.

A representante da Missão Escola Pública considera que essa decisão e responsabilidade não pode ficar a cargo do professor.

"Não podemos deixar ficar ao critério do professor, até pela responsabilidade que existe. Imagine uma turma a deixar toda ela os telefones junto à mesa do professor, quando no intervalo se levantam para ir buscar o telefone, ficará o professor responsável por um levar o telefone do outro. Não pode ser, de facto, ali naquela hora que vai ser decidido tomada essa decisão", explica.

Carta ao ministro da Educação

Depois da carta enviada pelo ministro da Educação aos professores, a Missão Escola Pública respondeu a Fernando Alexandre também com uma carta na qual fazem um elogio, tendo em conta o processo de negociação que tem estado em curso, mas falam em clima de menor tristeza, embora não chegue a ser de alegria. Na missiva, apontam dois problemas que consideram ser de urgente resolução.

"Temos dois problemas estruturais na escola pública, a falta de professores que depois condiciona outros, mas também a diminuição dos conhecimentos dos alunos que tem vindo a ser mostrada nos estudos internacionais, como os estudos Pisa.

Respondemos à carta ao doutor Fernando Alexandre, que enviou a todos os professores, nós entendemos por bem desejar-lhe também um bom ano letivo neste que para ele é o primeiro, pelo menos no início é o primeiro (…) É uma carta, nós chamamos-lhe agridoce, no sentido que o doutor Fernando Alexandre tem um discurso diferente do ministro anterior e apresenta pelo menos algumas medidas que nós entendemos positivas, mas é preciso passarmos de teoria à prática", realça Cristina Mota.

A representante da Missão Escola Pública apela ao ministro para que tenha em atenção que “os professores são uma classe que está muito desconfiada, que tem sido muito mal tratada ao longo de muitos anos e que de facto são precisos aqui mais tempo e mais medidas para conseguir não perder os professores”.

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