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Venda suspeita da TAP: Montenegro mantém confiança em Pinto Luz para conduzir privatização

Um relatório da Inspeção-Geral de Finanças (IGF) concluiu que a TAP foi comprada com dinheiro... da própria da TAP. O atual ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, foi quem assinou a venda da companhia em 2015. A auditoria, divulgada em exclusivo pela SIC, revela que o Governo de então conhecia os pormenores da operação.

José Manuel Mestre

Fernando Almeida

Tiago Martins

Quando a 13 novembro de 2015, o agora ministro Miguel Pinto Luz, então Secretário de Estado de um Governo de gestão, assinou o decreto de privatização e venda da TAP a David Neelman e Humberto Pedrosa. Nessa altura, já o Governo de Passos Coelho, Maria Luís Albuquerque e Pires de Lima sabia, há pelo menos dois meses, que a companhia aérea ia ser comprada.

TAP foi comprada com o seu próprio dinheiro: relatório revela suspeitas de crime na privatização

O relatório da Inspeção-Geral de Finanças é claríssimo: "Toda a operação foi previamente apresentada à Parpública e aos membros do Governo das áreas das Finanças e das Infraestruturas (...) em 16/09/2015".

Explica também que a conclusão resulta de uma carta e respetivos anexos, enviados pelos compradores da TAP à Parpública e a que os auditores tiveram acesso.

PM mantém confiança em Pinto Luz parece conduzir privatização da TAP

Indiferente, o primeiro-ministro reforça a confiança no ministro das Infraestruturas e Habitação para conduzir a nova privatização da TAP. Luís Montenegro desvaloriza conclusões da Inspeção-Geral de Finanças (IGF) com a justificação de que já se sabia.

O relatório da Inspeção Geral de Finanças (IGF)demonstra que em junho de 2015, cinco meses antes da privatização e a uma semana de assinar a intenção de compra da TAP, David Neelman tinha fechado um memorando com a Airbus para a compra de 53 aviões NEO A330 e A320.

Em troca a Airbus adiantava 226 milhões de dólares para financiar a capitalização da companhia aérea portuguesa a quem Neelman passou depois os aviões e o encargo de devolver esse mesmo dinheiro se o negócio falhasse. Tudo com o conhecimento do Governo da altura.

"Fundos da Airbus foram para salvar a TAP"

Agora, ao Expresso, Neelman remete para um artigo publicado no jornal em março do ano passado e para as respostas escritas que deu à Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia República.

Na altura, o norte-americano disse ser"totalmente absurdo dizer-se que as ações da TAP foram compradas com fundos da Airbus ou com cash flows futuros da TAP. Em 2015, a TAP valia zero". Desvalorizava o comprador oito anos depois alegando que o dinheiro para a capitalização serviu apenas para pagar salários.

Humberto Pedrosa, o sócio português de Neelman a que a lei obrigava, acrescenta agora que "é falso e leviano dizer que a TAP foi adquirida na privatização com fundos da própria companhia."

Miguel Pinto Luz, agora ministro das Infraestruturas e Habitação, enviou o relatório da Inspeção-Geral de Finanças (IGF) para a Assembleia da República e para o Ministério Público.

A Procuradoria-Geral da República confirmou que tem um inquérito aberto desde 2023 na sequência de uma participação do anterior Governo.

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