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Se aulas começassem hoje, 122 mil alunos não tinham professor a pelo menos uma disciplina

No início do ano escolar falta preencher cerca de 900 horários em dezenas de escolas por todo o país. As zonas mais críticas são Lisboa, Faro, Setúbal e Beja. As disciplinas de informática, geografia e português não têm docentes disponíveis.

Joana Rita de Almeida

João Aveiro

Gonçalo de Freitas

Faltam dez dias para o arranque do ano letivo, mas se as aulas começassem hoje 122 mil alunos ficaram sem professores a pelo menos uma disciplina. 

“Será um ano letivo que continuará marcado por um grave problema, o da falta de professores. Para vos dar a dimensão a nível de distritos, Lisboa destaca-se. Faltam destes horários, destes 890, 434 são em Lisboa, 205 em Setúbal e 112 em Faro. Se quisermos por grupos de recrutamento ou disciplina os três com maior número de horário são Informática com 216, Geografia com 92 e português do secundário com 85 horários”, explica Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof. 

O Governo anunciou medidas para resolver o problema como apoio à deslocação. Para a Fenprof, revelam pouca ambição. 

“Pode um professor vir do Porto para aqui, para um destes lugares e ter direito a um apoio de 300 euros, mas aqui na escola do lado, se por acaso não se verificar o requisito,  pode até o professor vir de Viana do Castelo ou de Valença do Minho pode não ter direito a rigorosamente nada simplesmente porque não foi difícil lá conseguir a sua colocação”, diz Mário Nogueira. 

A Fenprof emitiu um pré-aviso de greve às horas extraordinárias para exigir, também, o regresso às negociações com o Ministério da Educação com três pontos essenciais.

“Aquilo que agora aí vem, a revisão do estatuto da carreira de docente, eventual revisão do regime de concurso e alterações do regime de gestão das escolas, esses três documentos estruturantes quer da nossa profissão, quer das escolas, é que vai permitir que nós, ao fim de dois semestres, possamos fazer uma avaliação do Ministério”, diz o secretário-geral da Fenprof. 

O setor aguarda pela apresentação do Orçamento do Estado para 2025. O primeiro indicador que vai determinar os próximos passos dos docentes. 

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