Aos jornalistas, o Presidente da República não quis responder sobre o tema na semana passada. Mas a questão voltou a ser colocada a Marcelo Rebelo de Sousa pelos alunos da Universidade de Verão do PSD e por escrito, tal como foi dada a resposta.
Sem nomear o Chega, o Presidente da República obriga a um exercício de interpretação que desmonta a narrativa do partido de André Ventura. O líder do Chega tem pedido mais controlo sobre a imigração e com prioridade dada a quem vem de países semelhantes a Portugal.Ou como diz André Ventura - com a mesma matriz cultural.
E na resposta por escrito, Marcelo Rebelo de Sousa começa por dizer que é fundamental saber do que estamos a falar e que é preciso conhecer a realidade e olhar para os factos.
Das 11 milhões de pessoas que vivem em Portugal, apenas um milhão são imigrantes. A maioria oriundos de países onde se fala português. Cerca de 300 mil são brasileiros ou luso brasileiros aos quais se seguem os ucranianos.
Só entre ucranianos e brasileiros estão quase 40% dos imigrantes e a estes juntam-se depois outras comunidades como a britânica, cabo-verdiana, angolana e indiana. Seguem-se os italianos e franceses e só no fim os recentes nepaleses e os bengali.
Soma feita e quase 100% da imigração distribuída, Marcelo Rebelo de Sousa deixa duas perguntas:
"Destas todas comunidades. Religiosamente qual a maioria? Cristã, de vários credos e igrejas", à qual acrescenta: "Que peso têm muçulmanos, incluindo ismaelitas? Provavelmente menos de dez por cento."
O Presidente da República não o diz mas nas entrelinhas parece querer dizer que o referendo que o Chega quer não faz sentido e por isso não o vai aprovar.
Essa é também a leitura que André Ventura faz às palavras do Chefe de Estado. Recusa joguetes políticos sobre um tema que quer que seja moeda de troca para aprovar o próximo Orçamento de Estado.
As explicações serão certamente dadas pessoalmente ao Presidente da República, até porque Marcelo Rebelo de Sousa tem como regra aceitar sempre audiências com os partidos políticos.