O sismo de magnitude 5,3 na escala de Richter registado esta madrugada teve mais impacto em Lisboa e no Alentejo, mas há relatos em todo o país. Paulo Rangel disse esta segunda-feira que o sismo sentido em Portugal foi como “um teste real às nossas capacidades de resposta no caso de uma catástrofe grave”. Miguel Miranda, geofísico e antigo presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), considera que o primeiro-ministro em exercício de funções se referia ao “circuito de informação”.
“Há uma coisa que nós ganhámos muito nos últimos anos e que é a rapidez com que as localizações são obtidas, são transmitidas às pessoas (…) Portanto, essa cadeia que vai desde o Instituto Português do Mar e da Atmosfera até a Proteção Civil, até às autoridades de proteção civil ao nível do Governo, hoje em dia está razoavelmente oleada em relação ao resto. É difícil falarmos numa preparação total”, explica.
“Acho que é essa parte que o doutor Paulo Rangel quis enfatizar e que é verdade. Hoje em dia, a situação é transparente”, acrescenta Miguel Miranda, em entrevista na SIC Notícias.
De Lisboa a Vila Vila Real de Santo António há um risco sísmico mais elevado. A ideia habitual de que é bom acontecer um terramoto para libertar a tensão “não faz nenhum sentido, isto não é bom nem é mau. A deformação da parte mais superficial da Terra ocorre com vários tipos de sismos, com sismos grandes e sismos pequenos. A proporção entre os sismos grandes e os sismos pequenos até nos dá uma boa ideia do comportamento mecânico. Essa proporção, por exemplo, é um dos fatores que utilizam os engenheiros para fazer cálculos de de risco sísmico, portanto, a pequenos e a grandes", esclarece o geofísico.
Estamos preparados para um sismo de grandes dimensões?
Miguel Miranda explica que a previsibilidade de um sismo continua a ser limitada. Sobre a possibilidade de um abalo de grandes dimensões, o especialista considera que é difícil estar preparado.
“Para um sismo tipo o de 1755, ninguém está preparado, temos que ser todos claros. (…) Mas, mesmo sismos mais pequenos, não estamos completamente preparados e nunca estaremos completamente preparados”.
“Há uma coisa que nós ganhámos muito nos últimos anos e que é a rapidez com que as localizações são obtidas e são transmitidas às pessoas”, sublinha.
Quais são os melhores conselhos para a população?
Para que o país possa enfrentar melhor uma situação de sismo, Miguel Miranda aconselha a população a apoiar “todas as iniciativas políticas que conduzam ao melhor reforço sísmico”.
"Não propriamente aqueles planos estratosféricos em que vamos gastar um trilião de euros (…) mas os planos sensatos em que nós vemos as zonas mais críticas e somos capazes de atuar.
Em segundo lugar, o geólogo recomenda a “seguir a informação ao minuto” e “atuar de acordo com o que a Proteção Civil indica a cada minuto”, conclui o antigo presidente do IPMA.