Houve 75 pessoas que morreram afogadas em Portugal, desde o início deste ano até ao fim de julho. É o terceiro valor mais alto dos últimos cinco anos. A Federação Portuguesa de Nadadores Salvadores atribui parte deste crescimento à falta de educação de segurança.
Esta quarta-feira, no espaço de uma hora, a Autoridade Marítima teve de resgatar, em Cacela, dez pessoas em dificuldades numa zona não vigiada.
“Normalmente, as pessoas são apanhadas de surpresa, porque tentam fazer a travessia a pé e, entretanto, fica muita profundidade e são puxadas pela corrente”, explica o cabo-fuzileiro Pedro Coutro, militar da Autoridade Marítima Nacional e do projeto SeaWatch.
Há avisos de que nãoháqualquervigilância nesta zona, mas a fama de cenário paradisíaco da Barra de Cacela leva, todos os dias,centenas de pessoas a atravessarem o esteiro da ria formosa.
Só neste verão, 28 pessoas foram já resgatadas. Mas nem sempre houvemeiosporperto.
“Três jovens espanhóis foram pegados pelo mar e foram corrente fora. Houve um que conseguiu nadar para terra (...), acabou por correr até à Manta Rota e pedir assistência aos nadadores salvadores”, conta o comandante João Afonso Martins, da capitania do porto de Tavira e Vila Real de Santo António.
O caso mostra a falta de educação e de segurançaque terá contribuído para grande parte das 75 mortes por afogamento registadas nos primeiros sete meses do ano em Portugal.
“A maiorparte dos portugueses não consegue identificar os perigos. E temos, por outro lado, pessoas que não conhecem as regras de segurança - e outros que até as conhecem, mas não as valorizam”, lamenta Alexandre Tadeia, presidente da Federação Portuguesa de Nadadores Salvadores.
“Isto leva, infelizmente, a estes drásticos números”, sublinha.
"É preciso melhorar politicamente o sistema"
De acordo com o relatório do Observatório do Afogamento da Federação Portuguesa de Nadadores Salvadores, este ano, já morreram mais quatro banhistas do que em igual período do ano passado. Todos perderam a vida em zonas não vigiadas - a maior parte fora da época balnear.
A federação fala numa “mancha” na reputação nacional.
“Há aqui uma necessidade de melhorar politicamente este sistema de assistência a banhistas, porque as nossas praias não são utilizadas apenas durante a época balnear. E isto é um facto”, diz Alexandre Tadeia.
Os nadadores salvadores defendem vigilância ao longo de todo o ano, assegurada pelas autarquias. Esse seria, afirmam, um primeiro passo para tentar travar a tendência crescente de mortes por afogamento.