Dez anos depois do colapso do Banco Espírito Santo (BES), ainda há muitos lesados que não recuperaram as poupanças perdidas. A assinalar uma década de luta, esta sexta-feira, manifestaram-se nos Aliados, no Porto, para dizer que não desistem.
Restam, entre muitos cartazes, os rostos de uma luta desgastante, que aqui se fez nesta avenida, na última década.
Jorge Novo representa os 20 a 25 lesados mais inflexíveis, que não aceitaram o acordo para uma indemnização parcial, entre os 50 e os 75%.
“Quero aquilo que me é devido: 100%”, exclama. “Não admito tal coisa. Esses senhores que tenham vergonha e que resolvam este problema de uma vez por todas”, defende.
"Uma questão de justiça"
Os 258 lesados que assinaram o acordo para recuperar o que perderam no papel comercial do GES, mas que receberam apenas metade do que investiram, querem receber os 25% em falta.
“É uma solução que entendemos que é injusta, parcial e discriminatória”, defende Rui Alves, vice-presidente da Associação dos Lesados do Papel Comercial.
“Há pessoas que recebem 50%, outros 75%. Formamos esta nova associação porque queremos igualdade proporcional. Queremos que todos os lesados recebam 75%”, explica. “Eu não sou lesado de 2.ª”.
São 10 anos de uma revolta, que dividiu os lesados em diferentes formas de luta.
“Como é que deixam chegar a este ponto? Como é que deixam chegar a dez anos? Mas que vergonha é esta?”, questiona Paulo António, lesado do BES.
“Foram dez anos muito duros, muito difíceis. Está aqui a nossa vida de trabalho”, sustenta Rui Alves.
“Eu não vou perdoar. Foi o sacrifício e a luta do trabalho de décadas. Esse dinheiro é meu, não é de mais ninguém”, reclama Jorge Novo.
Este sábado, há uma vigília, marcada para Lisboa, da Associação de Defesa de Clientes Bancários, que tem esperança numa solução deste novo Governo e pretende justiça do julgamento que deve arrancar em outubro.