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André Ventura sobre o caso das gémeas: "O Presidente da República diz que responde perante o povo, mas onde? No café?"

O Presidente do Chega esteve nos estúdios da SIC Notícias para comentar o caso das gémeas luso-brasileiras, o Orçamento do Estado e uma eventual candidatura às eleições presidenciais de 2026. André Ventura não poupou criticas à forma como Marcelo Rebelo de Sousa se tem posicionado perante o processo das gémeas luso-brasileiras e acusou o atual Governo de estar "desejoso" de ver o Orçamento de Estado chumbado.

Mariana Jerónimo

Marcelo Rebelo de Sousa revelou que quer esperar pelo final das audições na comissão antes de decidir se se "justifica" prestar declarações à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). O Presidente da República disse que apenas tem de responder “perante o povo e o Supremo Tribunal de Justiça" e não ao Parlamento. 

Em entrevista à SIC Notícias, André Ventura diz que se trata de uma resposta “surpreendente” por parte de um Presidente da República. 

“Esta resposta surpreende-me por duas coisas. Primeiro porque achava que Marcelo Rebelo de Sousa era um presidente um pouco diferente dos outros que tivemos. O Presidente da República diz que responde perante o povo, mas onde? No café? Cá fora na rua?”.  
“Não acredito num país em que haja alguém, um Presidente ou Rei, que não tenha de responder perante o país. Em Portugal ninguém está acima da lei.”

“A história está tão mal contada que é preciso que alguém diga a verdade”

Tudo começou com um pedido de ajuda, feito a 21 de outubro, por Nuno Rebelo de Sousa ao Presidente da República. "Pai, pode ajudar?", lê-se no documento, em que o filho do chefe de Estado se queixa da burocracia em Portugal, que estaria a impedir o tratamento das crianças.

André Ventura não esconde a sua indignação perante a atitude do chefe da Casa Civil, Fernando Frutuoso de Melo, que terá retirado o nome do filho de Marcelo Rebelo de Sousa do e-mail, antes de o reencaminhar para o Governo.

"Nos últimos dias apareceram todos os emails"

Esta semana, o líder do Chega acusou a Presidência da República de estar a ter uma "atitude de boicote permanente" aos trabalhos da comissão parlamentar de inquérito e a Casa Civil de ter ocultado “elementos fundamentais” no processo, nomeadamente, emails.

"No país onde eu vivo, onde eu quero viver, gastar dinheiro dos portugueses tem que ser explicado", salientou André Ventura.

"Discurso de um Governo que não quer governar"

Do lado do Chega, André Ventura acusou o atual Governo PSD-CDS de "estar desejoso" de ver o Orçamento de Estado chumbado. Suspeita ainda que o Governo liderado por Luís Montenegro não está a "negociar a sério".

O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, avisou que a margem para negociar o próximo Orçamento do Estado é curta e que se for desvirtuado o programa do Governo, este "terá de perguntar aos portugueses se aceitam" um afastamento designadamente das contas certas.

O deputado do Chega diz tratar-se de uma total "deslealdade" e espera que o Governo volte atrás na atitude de negociação.

Na sua opinião, o Partido Socialista (PS) de Pedro Nuno Santos é um partido "sem coluna vertebral, sem consciência" e o "pior" da democracia portuguesa.

"Se o Governo tomar o lado do Partido Socialista (PS), podem contar com o nosso voto [do Chega] contra ", frisou André Ventura.

"Não estou focado em presidenciais, estou focado em governar Portugal"

Questionado sobre o futuro do Chega e uma eventual candidatura às eleições presidenciais de 2026, André Ventura diz estar apenas focado em ser primeiro-ministro e em governar Portugal. Acrescentou também que "tudo fará" para evitar que um candidato socialista vença as presidenciais.

Como? Apresentando um candidato próprio ou apoiando outro que considere forte e capaz de alcançar uma vitória.

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