O Governo rejeita reabrir as negociações com as forças de segurança para aumentos salariais. Numa entrevista exclusiva à SIC, a ministra da Administração Interna (MAI), Margarida Blasco, garante que o acordo assinado há menos de um mês está fechado.
Os polícias lutaram durante meses pela equiparação salarial com a Polícia Judiciária (PJ) e, sem sucesso e unanimidade, acabaram mesmo por assinar um acordo com o Governo que prevê um aumento faseado de 300 euros até 2026 no suplemento de risco, cerca de metade do que recebe a PJ desde o final do ano passado.
Agora, quase um mês depois de fechadas as negociações, ficaram a saber que a tal paridade salarial tão desejada - e entretanto negada por falta de disponibilidade orçamental - foi autorizada pelo Executivo aos militares das Forças Armadas em comparação com a carreira policial.
A indignação dos policias vai subindo de tom. O sindicato dos oficiais que se fosse hoje talvez não assinasse o acordo com o Governo, exigindo agora a reabertura urgente das negociações para aumentos salariais.
"Era importante reatar as negociações imediatamente para que essas futuras alterações nas estruturas salariais e nos outros suplementos possam ver a luz do dia a partir de 1 de janeiro de 2025", afirma o presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia, Bruno Pereira.
Ministra diz que acordo é “excelente”
Margarida Blasco já respondeu que rejeita reabrir as negociações, em entrevista exclusiva à SIC. “O acordo foi firmado e assinado no passado dia 9 de julho. Estas negociações estão encerradas”, esclarece a ministra.
Mesmo sob pressão dos sindicatos e associações profissionais da PSP e GNR e ameaças de protestos na rua já em setembro, o Governo garante que não vai antecipar a nova reunião, apenas agendada para o próximo ano.
"Os grandes sindicatos assinaram o acordo e portanto vamos continuar a cumprir o que ficou firmado e retomaremos no dia 6 a revisão das carreiras. acho que é um excelente acordo, mas as pessoas são livres para discordar", diz Margarida Blasco.
Militares não querem “participar nesse jogo”
E no meio dessa discordância estão os militares das Forças Armadas, que depois de terem garantido “a maior valorização de sempre” - como lhe chamou o primeiro-ministro - estão agora no centro da discussão.
O presidente da Associação Nacional de Sargentos, António Lima Coelho, frisa que "algumas das coisas que foram ditas são profundamente erradas e desconhecedoras daquilo que é a realidade militar".
"O que não queremos, de forma alguma, é participar nesse jogo de colocar portugueses contra portugueses e muito menos passar para a opinião pública imagens erradas sobre profissionais que dão tudo pela nação".
A contestação policial promete aquecer ainda mais o verão.