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Semana de calor ajuda colheita da flor de sal de Tavira

São precisamente estes dias quentes, secos e de pouco vento que os salineiros de Tavira aguardam para poderem colher um dos produtos mais cobiçados pela alta cozinha internacional: a flor de sal.

João Tiago

Só lhe falta ser dourada para brilhar tal como ouro nestas salinas de Tavira. A flor de sal é sete vezes mais valiosa do que os cristais que se depositam no fundo e só pode ser colhida quando se conjugam os elementos.

"Se houver humidade ou se houver vento, a flor de sal não se forma, só faz sal de fundo. E a flor de sal que se forma cai logo abaixo. O nome disto no tempo dos salineiros velhos era coalho, à semelhança do coalho do leite", conta Rui Simeão, produtor de sal.

Numa semana de alertas de calor, foi quando o país se fez a banhos que surgiu esta fina camada cristalizada pelo sol à tona da água de cada talho.

Um dos produtos mais cobiçados

Dizem os chefs de cozinha que aviva o sabor de cada prato como nenhum outro tempero. Rui Simeão leva 40 anos a produzir e a afirmar a qualidade da flor de sal de Tavira. Herdeiro da arte centenária da família, lutou pelo reconhecimento do sal artesanal como iguaria.

A flor de sal tem hoje denominação protegida, uma estreia na Europa e única em Portugal. Não admira por isso que o sal de Tavira seja um dos mais famosos do mundo para a alta cozinha internacional.

O trabalho começa em janeiro, com a limpeza e preparação dos talhos, mas a colheita leva apenas dois meses.

Este ano, o tempo tem andado de feição. Soma já 500 toneladas de sal artesanal e cerca de 30 de flor de sal, quase tanto quanto na ultima época toda.

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