A coordenadora do BE e o secretário-geral do PCP acusaram esta terça-feira o Governo de não ter "vontade política" de resolver os problemas no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e de querer "privatizá-lo aos bocados".
O secretário-geral do PCP diz que o Governo quer desmantelar o SNS e insiste em que a "única forma" de resolver os "problemas dos médicos" é "valorizar os seus profissionais".
"Valorizar os médicos, respeitá-los, valorizá-los, dar-lhes condições de trabalho, dar-lhes condições salariais também. O único problema do Serviço Nacional de Saúde é a falta de meios humanos, falta de recursos, falta de profissionais e, portanto, não é difícil resolver o problema do Serviço Nacional de Saúde, não há é vontade política para isso.
Acrescentando de seguida que "a vontade política é outra, é desmantelar o Serviço Nacional de Saúde, é criar todas as condições para que os médicos se afastem do Serviço Nacional de Saúde e vão encher o negócio daqueles que fazem da doença um negócio, essa é que é a grande questão.”
Mariana Mortágua, considerou que o problema da "falta de médicos e da falta de condições para os médicos trabalharem no Serviço Nacional de Saúde (SNS)" já se "arrasta há muito tempo"
“Os governos não querem negociar, este Governo não quer negociar tabelas salariais e o que está a fazer é que temos uma ministra que está a juntar à incompetência e ao autoritarismo, uma enorme falta de vontade política de negociar os salários e as condições para que os médicos possam trabalhar no SNS.”
A coordenadora do Bloco de Esquerda considera que existe uma solução para o Serviço Nacional de Saúde que "tem a ver com a remuneração e a melhoria das condições base com que os profissionais".
"Há uma solução para o SNS, há uma proposta que revolve o problema do SNS e que tem a ver com a remuneração e a melhoria das condições base com que os profissionais, os funcionários, os médicos trabalham com a criação de incentivos de regimes de incentivos, mas que valorizam o seu trabalho e que recusam as horas de trabalho."
Paulo Raimundo e Mariana Mortágua marcaram presença à frente do Hospital Santa Maria, em Lisboa, na concentração promovida pelaFederação Nacional dos Médicos (FNAM), no âmbito da greve nacional de médicos. Foram ainda marcadas mais duas concentrações, uma no Porto e outra em Coimbra.
A FNAM iniciou esta segunda-feira uma greve geral de dois dias, bem como uma paralisação ao trabalho suplementar nos cuidados de saúde primários até 31 de agosto, acusando a tutela de "intransigência e inflexibilidade". Segundo a presidente da FNAM, a adesão à greve ronda os 70%, com cirurgias e consultas canceladas em várias regiões do país.
Entre as reivindicações da FNAM consta a reposição do período normal de trabalho semanal de 35 horas e a atualização da grelha salarial, a integração dos médicos internos na categoria de ingresso na carreira médica e a reposição dos 25 dias úteis de férias por ano e de cinco dias suplementares de férias se gozadas fora da época alta.
Com LUSA