Os trabalhadores da Comboios de Portugal (CP) estão esta segunda-feira em greve pela revisão do regulamento das carreiras e dos salários. Até às 10:00, foram suprimidos 299 comboios dos 413 programados (72,4%).
Em entrevista à SIC, António Ferreira, do Sindicato Independente dos Trabalhadores Ferroviários, revela que a reunião de sábado entre empresa e sindicatos foi em vão, uma vez que a CP apresentou uma proposta que não contemplava os pontos previamente acordados pelas duas partes.
Para "acabar com esta guerra", acredita, a tutela tem de desbloquear a situação:
"Estamos a ver que só com a empresa não conseguimos desbloquear. A tutela tem obrigação de se entender com esta representação do sindicato como fez com outra estrutura".
Clarifica que os trabalhadores não aceitam trabalhar mais sem uma compensação monetária extra.
"Se vai dar mais funções aos trabalhadores tem de pagar mais. Vai ter retorno do dinheiro e não quer pagar aos trabalhadores. Não aceitamos isso", aponta.
Dos 104 comboios regionais programados 75 foram suprimidos
De acordo com a empresa, a supressão nos comboios de longo curso é de 100%, ou seja, nenhum dos 25 programados se realizou. Quanto aos comboios regionais, dos 104 programados, foram suprimidos 75 e realizados 29.
Nos urbanos de Lisboa estavam programados 188 e foram suprimidos 137. Já nos comboios urbanos do Porto foram suprimidos 53 dos 85 programados.
À SIC, António Salvado, presidente do Sindicato Independente Nacional dos Ferroviários (SINFB), explica que a empresa "pretende impor mais funções nas categorias profissionais e maior polivalência", ao mesmo tempo que tem como objetivo "fundir algumas categorias profissionais" colocando, assim, os trabalhadores a executar tarefas "que não lhes dizem respeito e a troco de nada".
José Manuel Oliveira, dirigente da Federação dos Sindicatos de transportes e comunicações (FECTRANS) vai ao encontro de António Salvado e insiste na ideia de levar a cabo negociações de carreira em que não se adote "soluções de polivalência de funções".
Garante que o sindicato continua disponível para negociar e encontrar soluções.
"Fizemos propostas, mas se não houver propostas este tipo de descontentamento que hoje se verifica pode ser ampliado noutros dias", considera.
Os trabalhadores da CP cumprem esta segunda-feira um dia de greve, que se repete na quarta-feira, convocada por diversos sindicatos. O Tribunal Arbitral decretou serviços mínimos de 20% para os comboios urbanos e regionais.
A decisão do Tribunal Arbitral abrange, na percentagem referida, o serviço Regional e Interregional (linhas do Minho, Douro, Leste, Oeste, Beira Baixa e linha do Norte - neste último caso de e para Coimbra/Entroncamento) e o Urbano (linhas da Azambuja, Coimbra e Guimarães).
Com Lusa