Tal como os segredos dos templários, o castelo de Tomar está fechado a sete chaves. Ainda que ocasionalmente abra as portas. Isto porque não há condições de segurança para visitas à estrutura, que começou a ser construída a 1 de março de 1160, pelos cavaleiros do templo.
Quatro milhões de euros do PRR podem mudar a acessibilidade, e além de permitir imaginar a vida medieval, levar à descoberta na torre de menagem, de pedaços de história ainda mais antiga. É um dos castelos no estado mais original do país, e sobretudo pela ligação templária, um dos mais misteriosos. E talvez ainda com segredos por revelar.
A decoração que agora se vê, é já do tempo de D. Manuel e posterior, mas tudo poderia ter acabado antes, após a perseguição que implicou o fim dos templários.
Foi a ordem de Cristo que ficou com a custódia de um tesouro patrimonial, que ao longo dos séculos não parou de ganhar forma, até se ter tornado no conjunto do Convento de Cristo. Chegou a ser residência privada, espaço militar e hoje é património mundial.
A riqueza arquitetónica alia-se aqui a uma aura de mistério que torna este um lugar único, e palco privilegiado para as histórias contadas em televisão, como o filme "A donzela", ou pela sétima arte em "O homem que matou D. Quixote".
E se o cinema se enamorou por Tomar, os postais renderam-se a uma ilha no Tejo.
Hoje o rio terá menos caudal, mas para chegar a Almourol, continua a ser necessária uma viagem de barco. O que amplia a experiência da visita a miúdos e graúdos.
Mas se hoje é a estética que mais atrai, quando nasceu a função era clara: proteger a nova fronteira e a então capital, Coimbra.
Ilha com pouco mais de 300 metros, foram encontrados vestígios de ocupações anteriores a Portugal. Mas como Gualdim Pais fez questão de deixar registado em pedra, foram os templários que quiseram fazer deste um lugar impenetrável. Ainda assim, sem sucesso total.
Mas nem isso acabou por tirar o brilho refletido nas águas do Tejo, de uma fortificação envolvida também ela em muitas histórias.
A de um gigante chamado Almourol que se apaixonou, ou de D. Ramiro, cuja crueldade com os mouros, o amaldiçoou com a paixão da filha por um muçulmano.
O isolamento ajudou a manter relativamente intacto o espaço que em meados do século XX chegou a ser designado residência oficial da República.
Hoje está à guarda do exército português, que, no entanto, não deixa de partilhar com o público, um dos castelos nacionais, cuja silhueta é das mais reconhecidas pelo mundo fora.