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Sindicato Nacional da Polícia: "O Estado dá com uma mão e tira com a outra"

O Governo, três sindicatos da PSP e duas associações da GNR já chegaram a um acordo para a atribuição do suplemento de risco. Outros sindicatos preferiram não assinar o acordo por não concordarem com a proposta apresentada pelo primeiro-ministro e apoiada pela ministra da Administração Interna. Em entrevista à SIC Notícias, Armando Ferreira do SINAPOL explica o porquê do seu sindicato ter ficado de fora deste acordo.

Mariana Jerónimo

O Governo chegou, esta terça-feira, a acordo com três sindicatos da PSP e duas associações da GNR sobre a atribuição de um suplemento de risco, que se traduz num aumento faseado de 300 euros até 2026. Outros sindicatos não quiseram fazer parte deste acordo, como foi o caso do Sindicato Nacional da Polícia (SINAPOL).

O seu representante, Armando Ferreira, frisou que a sua participação nas negociações tinha como objetivo assegurar a "paridade com o suplemento da Polícia Judiciária (PJ)". Diz que não aceita que outros membros das forças de segurança não tenham direito aos mesmos benefícios.

"Não podemos aceitar que polícias da Polícia Judiciária (PJ) estejam com uma remuneração por um determinado valor e este Governo entender que os profissionais da PSP e da GNR não têm o mesmo direito e são tratados de forma minoritária. Este valor fica muito aquém do valor atribuído aos nossos colegas da Polícia Judiciária (PJ)."

Sobre negociações futuras entre o Governo e os sindicatos, Armando Ferreira garante que "já não há mais conversa sobre este tema".

"A nossa projeção para o futuro é apostarmos no Orçamento de Estado. Apostarmos junto de grupos parlamentares que já demonstraram que não se revêem na forma como a PSP e GNR estão a ser tratados e têm entendimento de no próximo Orçamento de Estado para 2025 fazer melhoramentos em relação à proposta, neste momento, do Governo."
"Estamos a falar de 200 euros sem retroativos a partir de julho de 2024, depois em janeiro de 2025 acrescem mais 50 euros e em janeiro de 2026 outros 50 euros. Se formos olhar para o bolo total, que seria de 300 euros em 2026, os polícias não vão estar a receber nem 200 euros limpos. O Estado dá com uma mão e tira com a outra".

Um "dia histórico" mas só para alguns

Esta terça-feira, a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, falou em um "dia histórico". No entanto, Armando Ferreira relembra que os polícias não estão a receber um aumento mas sim uma "compensação" pelo risco que correm todos os dias na sua profissão.

"A vida não tem valor nenhum que se pague mas, no mínimo que seja para todos aqueles que são polícias em Portugal".

O suplemento de risco e serviço nas forças de segurança é composto por uma componente variável de 20% do ordenado base e de uma componente fixa, que vai passar de 100 euros para 400 euros.

Os sindicatos da PSP que assinaram o acordo são o Sindicato Nacional de Oficiais de Polícia (SNOP), Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP) e Sindicato Nacional da Carreira de Chefes (SNCC), enquanto as associações da GNR são a Associação dos Profissionais da Guarda (APG) e Associação Nacional dos Oficiais da Guarda (ANOG).

Com Lusa

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