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Médicos não vão ter aumentos até março de 2025 e passam a fazer horas extra ilimitadas

Sindicatos arrasam a decisão do Ministério da Saúde. Médicos estão indisponíveis para fazer mais horas extraordinárias do que aquelas que são atualmente permitidas por lei.

Ana Peneda Moreira

Luísa Correia

Joana Rita de Almeida

Caetano Jorge

Não haverá aumentos salariais para os médicos, pelo menos até março do próximo ano. O Governo prepara-se também para aprovar um diploma que acabará com o limite de horas extraordinárias nos serviços de urgência. Os sindicatos arrasam a medida e acusam o Ministério da Saúde de perversidade.

Sem negociação prévia, a tutela decidiu e comunicou a decisão aos sindicatos. As horas extra passam a ser pagas ao valor de uma hora normal, e, de 40 em 40 horas, acresce um pagamento extra. Uma majoração entre 40 a 70% da remuneração base de cada médico, que vai aumentando com o número de pacote de horas.

Um extra que tem moeda de troca: o diploma não prevê limites nas horas extra.

"É absolutamente inaceitável. É dos documentos mais perversos que alguma vez recebemos. No fim, a diferença para os médicos não é significativa e ficam obrigados a trabalho sem limites”, afirma Joana Bordalo e Sá, presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM).

O mesmo defende outro sindicato que representa a classe profissional.

"No nosso caso, queremos medidas estruturais. Não vamos falar de horas extra para lá do limite legal", diz Nuno Rodrigues, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM).

A nova forma de cálculo para o pagamento das horas extra será aplicável apenas depois de cumprido o limite máximo de horas que a lei agora prevê - 150 ou 250 horas, se os médicos estiverem em exclusividade.

Segundo fontes do Governo, o valor irá entre os 50 e os 90 euros brutos por hora.

A FNAM apela a que os médicos entreguem minutas a declarar indisponibilidade para fazer mais horas do que é previsto pela lei. Se não houver abertura do Governo, o sindicato admite mesmo avançar com uma greve.

"Uma greve às horas extraordinárias dos médicos dos cuidados de saúde primários e, depois, uma greve nacional”, avisa Joana Bordalo e Sá.

Sobre as tabelas salariais, os sindicatos discordam da estratégia a seguir. Se a FNAM mantém o braço de ferro, o Sindicato Independente dos Médicos já aceitou o início das negociações.

"O tema que será discutido em último será o das grelhas remuneratórias. Assinamos um acordo intercalar em 2023 que teve reflexo neste ano de 2024. O próximo acordo terá vigência para os anos seguintes, ou seja, a partir de 2025”, referiu Nuno Rodrigues.

O calendário das negociações deixou para o fim a discussão sobre os aumentos salariais. Significa que, até março do próximo ano, não haverá aumentos salariais para os médicos.

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