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“Não há evidências”: Montenegro põe ponto final a relação entre imigração e criminalidade

Na apresentação do novo plano para as migrações, Luís Montenegro recusou que exista uma ligação entre imigração e o aumento da criminalidade. No entanto, admitiu que o “avolumar em alguns pontos do território de pessoas em especial vulnerabilidade” possa gerar “uma sensação de insegurança aos demais”.

SIC Notícias

O primeiro-ministro afirmou esta segunda-feira não haver nenhuma “relação direta entre imigração e o aumento de índices de criminalidade”, na apresentação do novo plano do Governo para as migrações.

“Não há nenhuma relação direta entre imigração e aumento de índices de criminalidade. Não vale a pena estigmatizar essas comunidades à boleia de episódios que são casuísticos. Há, naturalmente, pessoas que cometem crimes, uma são portuguesas e outras são estrangeiras”, disse Luís Montenegro.

Questão diferente, acrescentou, é “deixar avolumar, em alguns pontos do país, pessoas em especial vulnerabilidade - a viver 20 e 30 numa casa - e que essa imagem possa dar uma sensação de insegurança aos demais”.

Na apresentação das 41 novas medidas para as migrações, o primeiro-ministro fez questão de sublinhar a necessidade do país em atrair imigrantes qualificados e lembrou que os próprios portugueses, ao longo de gerações, também procuram oportunidades no estrangeiro.

“Sentimos ao longo das últimas duas décadas um definhamento demográfico, uma diminuição dos índices da natalidade, que tem repercussões para as próximas décadas. Ao mesmo tempo, precisamos, em quase todas as áreas de atividade, de mais recursos humanos. Há muita gente noutras geografias do mundo que procuram locais de referência para construir os seus projetos de vida. Os portugueses sabem bem o que isso é, durante muitos anos, gerações de portugueses procuraram essas oportunidades no estrangeiro”, afirmou.

Recorde-se que o tema da imigração tem sido ‘quente’ nas campanhas eleitorais e, nas legislativas, Pedro Passos Coelho esteve no centro de uma polémica depois de ter associado, precisamente, os imigrantes à insegurança.

“Lembro-me de uma intervenção em 2016, no Pontal, em que disse que precisamos ter um país aberto à imigração, mas cuidado precisamos ter também um país seguro. O Governo fez ouvido moucos disso. Na verdade, hoje as pessoas sentem uma insegurança que é resultado falta de investimento”, disse, em fevereiro, Passos Coelho.

A declaração suscitou críticas de diversos partidos e Luís Montenegro não teve como evitar o assunto. Na altura, o então candidato a primeiro-ministro reconheceu que a imigração é um desafio e considerou “indispensável haver regulamentação e não ter uma política de portas escancaradas, mas fundamental ter boas políticas integração e acolhimento”.

Política que agora adota, num plano que não é “nem de portas fechadas, nem escancaradas” - slogan que mantém -, mas que define, a partir de agora, regras mais apertadas.

“Entendemos que é preciso regular a imigração para dar dignidade às pessoas. Portugal não deve estar nem vai estar de porta fechada aos que procuram oportunidades, que têm qualificação e que nos fazem falta. (...) Mas também não podemos ir para o extremo de escancarar portas sem fazer controlo nem acompanhamento, largando as pessoas ao abandono. E para isso precisamos de ter regras”, defendeu Montenegro esta segunda-feira.

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