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Há mais 36 mil pessoas sem médico de família em Portugal

O problema agrava-se e fez disparar para um milhão e 600 mil o número de utentes sem médico atribuído. Há também cada vez mais pessoas a chegar ao sistema público de saúde. O número de inscritos voltou a subir no mês passado, invertendo a tendência dos últimos meses.

SIC Notícias

A limpeza de ficheiros dos centros de saúde baralhou os números, quer de inscritos nos cuidados de saúde primários, quer de utentes sem médico de família. Um procedimento administrativo anunciado pelo anterior Governo sem que tivessem sido divulgados os critérios para a eliminação de utentes da base de dados central do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Em relação ao número de inscritos nos centros de saúde, os valores mostram que voltaram a aumentar em abril invertendo uma tendência de descida verificada nos últimos meses.

"O problema do descer é (…) porque é feita uma limpeza artificial. Quando olhamos para abril de 2023, tínhamos 10 milhões e 600 mil inscritos, mais coisa menos coisa, agora temos 10 milhões e 350 mil. Desapareceram 250 mil utentes em Portugal? Não, claro que não. Eles estão cá, eles existem. Tem a ver com esta limpeza e tem a ver com o facto de estarmos a eliminar utentes que não deviam estar a ser eliminados", explica Nuno Jacinto, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar.

Também o número de utentes sem médico de família, que estava a diminuir desde dezembro, voltou a crescer. Em abril, havia quase 1 milhão e 600 mil pessoas sem médico atribuído.

A meta de um médico de família a todos os cidadãos até ao final de 2025 parece cada vez mais inalcançável.

"Nós formamos, por ano, 500/500 e pouco especialistas em medicina geral e familiar, portanto, seria preciso que todos eles ficassem no serviço nacional de saúde e que nenhum dos médicos que está neste momento a trabalhar, saísse por reforma, por doença, porque decidiu ir para o setor privado ou para o estrangeiro. Ora, não é plausível que isso aconteça ate porque nós nunca vamos conseguir fixar todos os médicos de família que formamos. O grande problema que temos é que nos últimos anos esta taxa de retenção é mais baixa do que aquilo que se previa e do que aquilo que nós desejávamos. E portanto, uma coisa é formarmos 500 médicos e ficarmos com 450, outra coisa completamente diferente é formarmos 500 médicos de família e ao final do ano só termos metade, diz Nuno Jacinto.

O presidente da APMGF aguarda com expetativa pelo plano de emergência para a saúde que o Governo apresenta esta quarta-feira.

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