As ondas das últimas grandes marés voltaram a investir sobre o cordão dunar a sul da Praia da Barra, em Ílhavo, e a norte do Furadouro, em Ovar.
"Umas boas toneladas de areia foram levadas pelo mar, praticamente uma duna, o que originou a necessidade da câmara retirar um conjunto de passadiços que estavam construídos porque, de facto, eles ficaram no ar sem sustentação", diz Domingos Silva, presidente da Câmara Municipal de Ovar.
"O balanço neste último inverno (...) é que o mar tem obrigado a um recuo da duna de 3 a 4 metros por ano, o que nos preocupa porque, já o ano passado, reposicionamos o passadiço e este ano já o perdemos outra vez", explica João Campolargo, presidente da Câmara Municipal de Ílhavo.
São várias as causas da erosão costeira na região de Aveiro. A principal está relacionada com a falta de sedimentos do Rio Douro.
"Podemos dizer, em termos indicativos, num ano médio, em regime natural, o rio Douro trazia 1 milhão ou 1 milhão e meio de metros cúbicos de areia. Atualmente, traz muito menos", explica Carlos Coelho, professor de engenharia da Universidade de Aveiro.
O Furadouro tem sido especialmente castigado. O inverno já lá vai, mas a ondulação contínua a fustigar a marginal quando a maré sobe.
"Nós temos beneficiado nesse aspeto de não termos tido tempestades tão agressivas como aconteceu em 2014, porque se acontece outra tempestade dessas, de facto, eu arrisco a dizer, que estarão em causa vidas humanas", diz Domingos Silva.
Os autarcas exigem uma solução mais abrangente e duradoura. Para a praia do Furadouro estão previstas obras de defesa depois da época balnear. Uma intervenção há muito reclamada.
"Ao longo destes últimos 9 anos o mar foi continuando, de facto, a entrar e nessa matéria tenho de dizer que nada foi feito por parte da administração central", explica Domingos Silva.
"Se nós não fizermos isto de forma planeada, e não fizermos uma manutenção preventiva destas estruturas todas, vamos passar para a ação corretiva, e a ação corretiva é normalmente mais dispendiosa e mais custosa para todos nós", João Campolargo.
"Agora o problema tem de ser resolvido, eu direi, de vez. Tem de haver coragem por parte da administração central para encarar a defesa do litoral de uma forma séria", acrescenta Domingos Silva.
A Câmara de Ovar submeteu à avaliação das entidades competentes a construção de um quebramar paralelo à linha da costa para ajudar a dispersar a energia das ondas. O projeto está por decidir há cerca de cinco anos.