A direção da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) cancelou esta manhã as aulas no edifício ocupado por estudantes em protesto contra a manutenção das relações entre a academia e Israel.
Em comunicado, a direção informou que devido à "ocupação de parte das instalações" do departamento de Ciência de Computadores (DCC) na segunda-feira, todas as atividades académicas no edifício, incluindo avaliações, foram suspensas esta terça-feira.
Além disso, informou também que até ordens em concreto não será permitido o acesso ao edifício.
Em entrevista à SIC Notícias, Tomás, um dos alunos em protesto, afirmou que os alunos estão dispostos a desmobilizar esta terça-feira todo o protesto, no entanto garante que estarão de volta caso nada seja feito.
Segundo o aluno, a Polícia de Segurança Pública (PSP) foi chamada a intervir pela diretora da faculdade, contudo o objetivo do protesto sempre foi ser "um protesto pacifico", sem qualquer objetivo de "escalar para conflito".
Durante as declarações, o aluno afirmou que não houve qualquer tipo de disponibilidade por parte da diretora da faculdade “para abrir mesa de negociações”, mesmo sabendo que "a comunidade académica estava mobilizada por esta causa", o que motivou um grande descontentamento.
Protestos duram há vários dias
Na ultima noite, concentraram-se no jardim da FCUP mais de cem pessoas, "algo histórico", segundo os alunos em protesto.
"Nunca um protesto desta magnitude e desta escala tinha tido tanta dimensão e tanta gente a participar durante tantas horas consecutivas", garantiu Tomás que fez questão de reforçar que os protestos não vão ficar por aqui.
"Só paramos quando o povo palestiniano poder viver na sua terra livre e com direito de autodeterminação", acrescentou.
Sobre as exigências que fazem, o aluno deixa claro que os protestos servem para exigir à "Universidade do Porto o corte de todas as ligações com o Estado ou empresas israelitas" e além disso apelam também "que a Universidade do Porto faça o que fez com a Ucrânia e apoie o lado justo desta guerra, condene o genocídio em curso e garanta que no dia de amanhã os companheiros da Palestina tenham faculdades e tenham uma vida normal numa Palestina livre".
Havendo a hipótese dos protestos, que até esta terça-feira eram autorizados, ficarem totalmente proibidos os alunos garantem que não vão desistir e que vão "averiguar e decidir" de que forma poderão continuar a se manifestar.
"Continuaremos a lutar até que a Palestina seja livre", reforçou Tomás.
O protesto teve início em 13 de maio. Nos últimos cinco dias foram várias as manifestações de apoio à Palestina, nomeadamente cerca de meia centena de estudantes colocaram tendas de campismo no jardim da faculdade, rodeadas de bandeiras da Palestina, velas e faixas com frases como: "Solidariedade proletária por uma Palestina Livre", "Israel não é uma democracia, Israel é um país terrorista" e "A revolução começa aqui".