António Costa assegura que não ficou ofendido com as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa e fala mesmo numa autocrítica do chefe de Estado. O ex-primeiro-ministro responde assim às declarações do Presidente da República, que, num encontro com jornalistas estrangeiros, afirmou que Costa era “lento” por ser “oriental”.
“Eu sou um “otimista” e, portanto, vejo sempre o lado bom”, declarou António Costa, esta sexta-feira, recuperando o adjetivo que lhe era atribuído pelo chefe de Estado, quando liderava o governo.
“Interpretei essas palavras como sendo um elogio”, garantiu o ex-primeiro-ministro, para quem “lento” pode significar “uma forma ponderada de estar na vida e de exercer a vida política”.
Para António Costa, as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa podem mesmo ser vistas como “uma autocrítica”, uma vez que, “por não ter esta costela oriental, muitas vezes, haver menos ponderação por parte do sr. Presidente”.
Costa discorda de ida da PGR ao Parlamento
O ex-primeiro-ministro não concorda com a audição da procuradora-geral da República no Parlamento. António Costa lembra que a procuradora deve apresentar anualmente um relatório das atividades do Ministério Público e que, no caso de processos concretos, “não faz sentido” que a discussão seja feita na Assembleia da República.
“Está previsto que a procuradora-geral apresente anualmente um relatório das atividades do Ministério Público à Assembleia da República, e é normal que esse relatório seja apreciado, seja discutido e seja ouvida a sra. procuradora nesse âmbito”, notou o ex-chefe de Governo.
“No caso de processos concretos, creio que não faz sentido que essa discussão se faça na Assembleia da República. Se [os processos] estiverem em curso, faz sentido é que, do Ministério Público, dos órgãos de Justiça, como todos os órgãos políticos, prestem contas”, concluiu.