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Cada vez mais jovens usados como correio de droga: comissão pede intervenção precoce

Para traçar o retrato desta realidade, a comissão ouviu jovens internados em centros educativos, profissionais que trabalham no terreno, e especialistas.

Rui Carlos Teixeira

Vítor Moreira

A delinquência juvenil está a aumentar em Portugal. Há crianças cada vez mais novas a arrastadas para grupos criminosos, e que são muitas vezes usadas como correios de droga, de acordo com os dados da Comissão de Análise Integrada da Delinquência Juvenil e da Criminalidade Violenta.

Os dados do relatório sobre delinquência juvenil, divulgado no início do mês, já tinham dado conta de um aumento da criminalidade em grupo, com crimes a serem cometidos por crianças cada vez mais novas.

Nos primeiros 10 meses do ano passado, 64 menores com menos de 12 anos foram sinalizados pela PSP e GNR por estarem envolvidos em grupos criminosos.

Sabe-se agora que alguns integravam redes de tráfico e foram muitas vezes usados como correio de droga.

Transporte de droga e crimes entre jovens

Em entrevista à agência Lusa, Hugo Guinote da PSP e também membro da comissão criada pelo anterior Governo, para analisar a criminalidade juvenil.

Hugo Guinote explica que os menores podem estar envolvidos em vários tipos de grupos. Alguns dedicam-se ao transporte de pequenas quantidades de droga ou dinheiro, e outros estão identificados por cometerem crimes a jovens da mesma idade.

Em 2023 a delinquência juvenil aumentou 8%, numa tendência de subida alavancada pelas redes sociais que acontece desde 2019.

No ano passado havia 56 jovens com menos de 18 anos na prisão, sendo este o número mais elevado da década.

A delinquência juvenil acontece sobretudo nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, mas há vários registos em Setúbal e em Faro.


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