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"Revolução (Sem) Sangue" lembra os cinco mortos no 25 de Abril

Já está nos cinemas "Revolução (Sem) Sangue", da autoria de Rui Pedro Sousa.

Cristiana Reis

Euclides Semedo

Daniel Fernandes

O filme “Revolução (Sem) Sangue”, que já está nos cinemas, lembra as vítimas da Revolução dos Cravos: quatro jovens (Fernando Giesteira, João Arruda, Fernando Reis e José Barneto) e um funcionário da PIDE/DGS (António Lage).

"Em 2021 eu vejo uma notícia online que dizia: 'A revolução dos cravos, uma revolução que não é assim tão branda". Estranhei o título, começo a ler a notícia...e, depois de 35 anos de vida, leio, pela primeira vez, que cinco pessoas tinham morrido, em Lisboa, no dia 25 de Abril".

É assim que Rui Pedro Sousa recorda à SIC o ponto de partida para "Revolução (Sem) Sangue".

Para construir a história, o realizador explica que foi essencial "beber das famílias toda a informação possível: quem é que eles eram, os seus defeitos, as suas virtudes. Até o que eles gostavam ou não de comer! E, depois, a nível histórico: por onde andaram, o que é que aconteceu no Carmo, o que é aconteceu em frente à PIDE, saber que houve três tiroteios na PIDE e não só um, nesse dia".

Para o ator Diogo Fernandes, que interpreta o soldado Fernando Reis, foi importante o contacto com os familiares.

“Cerca de três meses antes de começar a rodagem, o Rui deu-me o contacto do filho do Fernando, que é o Carlos Reis. O Fernando faleceu tinha o Carlos cerca de três anos e as únicas imagens e memórias que ele tem é do seu funeral. Portanto, vive-se muito dos relatos, das histórias que os familiares foram contando", conta o ator.

A rodagem aconteceu toda em Lisboa e durou um mês e meio. A maior parte das cenas foram filmadas mesmo nos locais onde os personagens reais viveram.

Do outro lado da barricada, estava a PIDE/DGS. A atriz São José Correia deu vida a "Leninha", uma agente que torturava mulheres.

E conta à SIC: "Já sabia que tinha havido uma mulher que tinha sido a única mulher diretora de esquadra, digamos assim. Era uma mulher terrível, torturava as mulheres como se elas fossem homens."

“Eu torturava a rapariga, e o Rui disse-me: 'Olha, vamos fazer uma coisa. Não fales muito com ela. Não lhe dês atenção para a colocar logo num sítio isolado”, lembra a atriz uma parte do processo de gravação.

O papel foi intenso e, por isso, remata: “Mesmo quando eu não estava a filmar, mantinha sempre a atitude e a arrogância da Leninha.”

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