Tiago Antunes, secretário de Estado dos Assuntos Europeus, critica a decisão do PS/Açores de votar contra o programa do Governo da coligação PSD/CDS-PP/PPM, liderada por José Manuel Bolieiro. O responsável considera que a posição de Vasco Cordeiro abre portas a um entendimento entre a direita e a extrema-direita.
Numa longa publicação no Facebook, que intitula de “Mau tempo no Canal”, Tiago Antunes refere que a “indisponibilidade do PS/Açores” para considerar outros cenários que não o voto contra "tem um de dois efeitos: ou conduz à ingovernabilidade na Região Autónoma, ou atira o PSD/Açores para os braços do Chega, sem qualquer réstia de pudor ou juízo de condenação".
Para o secretário de Estado, o PS/Açores devia ter evitado estes “cenários indesejáveis”, viabilizando pela sua abstenção.
"Era este, a meu ver, o caminho que se impunha, coerente com a prática anterior do Partido Socialista e com o imperativo de isolar o Chega", sustenta.
Na mesma publicação, o atual secretário de Estado dos Assuntos Europeus considera que a decisão dos socialistas açorianos rompe com o "cordão sanitário" ao Chega.
"Ora, se o Partido Socialista tem vindo a chamar a atenção para os perigos do Chega e de uma governação dependente do Chega, como pode agora conformar-se com este desfecho (quando está nas suas mãos evitá-lo)?", questiona, no Facebook.
O presidente do PS/Açores, Vasco Cordeiro, anunciou na sexta-feira que o partido não irá viabilizar o programa de Governo da coligação PSD/CDS/PPM, que venceu as eleições do passado domingo na região autónoma.
A decisão foi tomada por unanimidade na reunião do Secretariado Regional e na reunião da Comissão Regional, órgão máximo entre congressos, realizadas na quinta-feira, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel.
Tiago Antunes considera que o PS/Açores está a "abrir alas a um entendimento entre a AD regional e o Chega", isto é, a criar as "condições perfeitas para que a direita e a extrema-direita se entendam, sem quaisquer remorsos".
"Ao inviabilizar um Governo Regional minoritário, o PS/Açores oferece de mão beijada ao PSD/Açores o argumento que este ardentemente desejava para poder legitimar ou branquear a associação entre a AD regional e o Chega, que será agora apresentada – e vista – como um mal necessário", refere ainda.
Paralelo com situação de 2015
Na publicação, Tiago Antunes faz um paralelo com a situação de 2015, quando a coligação PSD/CDS-PP formou um Governo sem maioria, que acabou por cair no Parlamento face à maioria de esquerda.
"O governo da PàF não teria sido derrubado no parlamento se o PS não estivesse em condições de oferecer ao país, em alternativa, uma solução de Governo viável", indica, salientando a "coerência política" que "o PS tanto, e bem, tem invocado e que, designadamente, tem exigido do PSD relativamente à situação política na Madeira".
- Com Lusa