O antigo presidente do Grupo Espírito Santo (GES), Ricardo Salgado, esteve esta sexta-feira em tribunal para prestar declarações no julgamento do Caso EDP, após a perícia médica a que foi sujeito ter indicado que o ex-banqueiro pode ser interrogado.
A convocatória ocorreu dois anos e um dia depois de Ricardo Salgado ter marcado presença num tribunal pela última vez, então no julgamento do processo separado da Operação Marquês, em 8 de fevereiro de 2022, quando alegou não estar em condições de prestar declarações por lhe ter sido diagnosticada doença de Alzheimer, a mesma patologia que esteve na base da perícia neurológica realizada agora no âmbito do Caso EDP.
À chegada ao Campus de Justiça, em Lisboa, Salgado mostrava-se visivelmente debilitado. Sem prestar declarações aos jornalistas, caminhou rumo ao tribunal numa passada lenta e sempre de mão dada com a mulher, Maria João Salgado.
Salgado deixou o tribunal poucos minutos depois, novamente sem prestar declarações.
"Foi há muito comprovado por perícias independentes que o dr. Ricardo Salgado sofre de Alzheimer. (...) O meu cliente muitas vezes não sabe onde está, esquece-se do nome de familiares próximos, portanto não é só em defesa da dignidade humana dele, é na defesa da história dele e na defesa da dignidade da Justiça portuguesa. Ele não pode esclarecer com consistência um processo com esta complexidade", afirmou Francisco Proença de Carvalho, advogado de Ricardo Salgado, à saída do tribunal.
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Ricardo Salgado está a ser julgado no Caso EDP por corrupção ativa para ato ilícito, corrupção ativa e branqueamento de capitais, num processo em que são também arguidos o ex-ministro da Economia Manuel Pinho (corrupção passiva para ato ilícito, corrupção passiva, branqueamento e fraude fiscal) e a sua mulher, Alexandra Pinho (branqueamento e fraude fiscal - em coautoria material com o marido).