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"Foi um erro do Ministério da Agricultura que levou a esta revolta"

"Houve uma falha nos pagamentos que estavam comprometidos porque não estava absolutamente preparado o plano estratégico português para a realidade nacional e foi, de facto, um erro do Ministério da Agricultura que levou a esta revolta", diz o coordenador do Observatório da Agricultura da SEDES.

SIC Notícias

Os agricultores continuam em protesto. Esta sexta-feira, estão às portas de Lisboa, a condicionar os acessos à Ponte Vasco da Gama. Um dos pontos mais críticos é esta manhã a zona de Alcochete. José Palha, coordenador do Observatório da Agricultura da SEDES, explica o que está na origem deste protesto espontâneo e alerta para a necessidade da Comissão Europeia “repensar toda a Política Agrícola Comum e todo o Pacto Ecológico Europeu”.

Apesar as medidas anunciadas ontem pelo Governo, os agricultores voltaram às ruas. A organização deste protesto que começou esta quinta-feira teve início na semana passada.

“Este movimento é absolutamente espontâneo, apareceu por vários grupos de WhatsApp que se começaram a organizar a partir de quinta-feira passada, quando se percebeu que de facto ia haver um corte nas ajudas e, por isso, são grupos regionais que irão decidir por si próprios o que irão fazer”, começa por referir José Palha, em entrevista na SIC Notícias.

O coordenador do Observatório da Agricultura da SEDES refere que “ontem a ministra da Agricultura voltou a confirmar as ajudas que tinham sido prometidas na véspera, os tais 500 milhões de euros, sendo que grande parte desse dinheiro já estava orçamentado no Orçamento de Estado para este ano e que já tinha sido prometido o ano passado, de maneira que há um grande clima de suspeição entre os agricultores, se de facto irão receber o dinheiro ou não”.

Sobre a origem e as causas deste protesto, José Palha esclarece que tudo tem a ver com a Política Agrícola Comum que tem adotado estratégias demasiado restritivas para os agricultores.

“Nós não temos as mesmas condições no continente europeu que têm, por exemplo noutras partes do mundo, como o Brasil e os Estados Unidos, que são nossos concorrentes (…) A Europa não permite que os seus agricultores trabalharem dessa maneira, e muito bem porque são práticas que prejudicam muito ambiente, mas permite as importações de países terceiros onde essas regras não são cumpridas”, sublinha.

Perante isto, José Palha alerta para a urgente revisão da PAC e do plano estratégico decidido por Portugal e que, em seu entender, não se adapta às necessidades dos agricultores portugueses.

"O plano estratégico da Política Agrícola Comum que foi decidido por Portugal não está adaptado às necessidades da agricultura portuguesa e esta é uma das principais reivindicações pela qual houve uma falha nos pagamentos que estavam comprometidos, porque não estava absolutamente preparado o plano estratégico português para a realidade nacional e foi, de facto, um erro do Ministério da Agricultura que levou a esta revolta que vimos ontem, vimos hoje e continuamos a assistir no país”.

O coordenador do Observatório da Agricultura da SEDES considera que a vaga de contestação em vários países da Europa, incluindo à porta da Comissão Europeia, em Bruxelas, “irá obrigar a Comissão a repensar toda a política agrícola comum e todo o Pacto Ecológico Europeu, a Estratégia do Prado ao Prato e todas essas estratégias completamente ambiciosas que deixam os agricultores europeus em condições muito difíceis”.

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