O presidente do Governo regional da Madeira, Miguel Albuquerque, voltou a reforçar esta quinta-feira que não se irá demitir e que está à procura de se defender "sem estigmas". Para além disso, esclareceu estar de "consciência tranquila".
Miguel Albuquerque, recentemente considerado arguido numa investigação em que suspeita de crimes de corrupção e prevaricação, disse esta quinta-feira que já existe uma condenação pública dos arguidos e reforçou que tem o direito a defender-se.
“O que fragiliza é a cobardia de certas pessoas, tendo a consciência tranquila, acham que não se devem defender e devem aceitar tudo o que vem nas redes sociais. Estou de consciência tranquila relativamente aos processos são procedimentos corretos, estamos dispostos a colaborar com a Justiça”, disse.
Quando confrontado pelos jornalistas sobre a sua opinião relativamente à demissão de António Costa em novembro, após as primeiras notícias da Operação Influencer o presidente do Governo regional nega ter defendido o afastamento do cargo de primeiro-ministro.
“Não defendi nada, eu não vou falar de António Costa, estou a falar de Miguel Albuquerque e Miguel Albuquerque não se vai demitir, tenho o direito a defender-me”, respondeu.
Sendo membro do Conselho de Estado, Albuquerque tem imunidade que irá levantar para se defender no processo que decorre e no qual já é arguido.
“Claro, eu tenho estatuto para me defender, vou aguardar e há medida que o processo decorra vamos exercer a nossa defesa, esclarecer tudo o que seja preciso”, esclareceu.
Apesar deste bater de pé de Miguel Albuquerque, os partidos políticos continuam a pedir a sua demissão perante as investigações que decorrem. No entanto, o presidente da Madeira considerou que “os partidos pedem, porque existem eleições e querem ir para o poder”.
“Não estou culpado, nem condenado, não roubei nada a ninguém”, concluiu.
As buscas
Recorde-se que esta quarta-feira, na sequência de buscas levadas a cabo pela PJ na Madeira, foram detidos Pedro Calado, presidente da Câmara do Funchal, e ainda dois gestores: Avelino Farinha, líder do Grupo AFA, e Custódio Correia.
O Ministério Público informou que as diligências ocorreram no âmbito de três inquéritos e que em causa estão factos ocorridos a partir de 2015, suscetíveis de consubstanciar crimes de atentado contra o Estado de direito, prevaricação, recebimento indevido de vantagem, corrupção passiva, corrupção ativa, participação económica em negócio, abuso de poderes e de tráfico de influência.
No total, decorreram mais de 100 ações que envolveram quase 300 inspetores e agentes.
Segundo as suspeitas, Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional, e Pedro Calado, presidente da Câmara do Funchal, facilitaram obras e terão sido recompensados por isso.
O Presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, foi, mais tarde, constituído arguido.