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Estudo revela potencial de dependência "muito grande" do WhatsApp

Um estudo realizado em Portugal divulgado esta segunda-feira alerta para o potencial "muito grande" de dependência do WhatsApp, a rede social mais utilizada pelos inquiridos, ao estimular um comportamento de necessidade de resposta imediata e de continuidade de verificação das mensagens.

DADO RUVIC

Lusa

Financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, e em parceria com o Instituto para os Comportamentos Aditivos e de Dependências (ICAD), o projeto de investigação "Scoll, Logo Exito" inquiriu, entre setembro de 2022 e outubro de 2023, cerca de 1700 residentes em Portugal com mais de 16 anos, com o objetivo de estudar as práticas de uso dos ecrãs e comportamentos aditivos,

Quase 90% dos inquiridos apontaram o WhatsApp como a rede social mais utilizada.

"Hoje, verificamos que grupos de amigos, colegas de trabalho, grupos de estudantes e outras afinidades, utilizam esta aplicação como forma de interação instantânea", referem os investigadores.

Adiantam que, este facto, associado a outras redes sociais de grande alcance nos jovens e adultos, como o Facebook (79,4%), Instagram (62,9%) e o YouTube (60,9%), entre outras, "contribuem para um padrão de comportamento aditivo que resulta da necessidade de reagir aos estímulos constantes (notificações) e a uma cultura instalada de resposta na hora, facto que contribui para a construção de uma lógica de interação de dependência de ecrãs".

"Se por um lado é cada vez mais difícil desenvolver atividades e interações sem a mediação digital, por outro lado, é cada vez mais complexo distinguir a fronteira entre a utilização 'normal' e a utilização 'patológica'", adverte o estudo.

Os dados obtidos permitem identificar "uma prática híbrida de utilização da internet, fortemente continua ao longo das rotinas diárias, confundindo-se o espaço de utilização entre os compromissos formais (escola ou trabalho) e os espaços de lazer".

O estudo sublinha ainda que a complexidade desta fronteira entre o forma e o lazer, e a elevada preocupação com o que se passa 'online', "constitui um quadro potenciador de dependência 'online', visível e transversal em todos os participantes".

Adianta que o uso compulsivo possibilitado pela internet e pelas redes sociais, cuja porta de acesso são smartphones, tablets e computadores, constituem uma conjugação de elementos potenciadores da dependência digital, assim como os planos de tarifário com dados ilimitados ou facilidade de pontos de 'WiFi' que facilitam o acesso.

Relativamente às finalidades do uso de internet, o estudo indica que os utilizadores recorrem à internet para acesso ao correio eletrónico (90,7%) e atividade profissional (84,7%). A utilização da internet para acesso às redes sociais aparece em terceiro lugar (72,4%), ficando à frente da finalidade de estudo ou pesquisa (69,5%), sendo o valor inferior quando a finalidade está relacionada com informações sobre viagens (49,9%).

Em relação ao acesso a serviços, compras e operações financeiras, 65,8% respondeu aceder a serviços públicos, 62% para comprar produtos e serviços 'online' e 53,6% para utilizar serviços de 'home banking'.

O lazer e a diversão são entendidos com uma das principais finalidades para 58,5% dos participantes. 54,2% utiliza a internet para fazer chamadas, 51% para ver TV, filmes, vídeos e ouvir música e 44,7% tem como finalidade ler jornais e revistas.

Com menor preferência de utilização da internet, encontra-se a utilização para jogos 'online' (15,7%) ou para encontros amorosos (1,8%).

A investigação indica também uma associação entre a idade e situação profissional e a relação de dependência dos ecrãs, concluindo que os estudantes têm uma maior exposição aos ecrãs para fins lúdicos, tornando-os mais propensos para a dependência.

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