Os trabalhadores da Global Media Group estão em greve esta quarta-feira. Exigem o pagamento do salário de dezembro e do subsídio de Natal, ambos em atraso. Concentram-se em São Bento, onde têm uma reunião marcada com o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva.
À frente da Assembleia da República, por entre o nevoeiro, começam a juntar-se trabalhadores do Global Media Group – que inclui, entre outros, os jornais Jornal de Notícias, Diário de Notícias, O Jogo e a rádio TSF. Estão em protesto contra o anúncio de despedimento de até 200 profissionais e exigem o pagamento dos salários em atraso.
Filipe Santa-Bárbara, membro da comissão de trabalhadores da TSF, diz que as exigências “as mais básica das mais básicas”: “Deixem-nos trabalhar e paguem-nos condignamente.”
Afirma que a comissão de trabalhadores ficou a saber, esta terça-feira, durante a audição de José Paulo Fafe, presidente executivo da Global Media pelo Parlamento, que o pagamento dos salários em atraso serão pagos até ao final da semana.
“Recebemos [esta informação] com alguma ansiedade para saber se de facto se concretiza”, explica, acrescentando que as conversações entre a administração e a comissão de trabalhadores “tem estado parada”.
Sem saberem o que vai ser pago – se o salário de dezembro, se o subsídio de Natal, se o trabalho suplementar, ou se um conjunto destes valores que estão em atraso desde o ano passado – Filipe Santa-Bárbara questiona também o que irá acontecer no futuro, nomeadamente sobre os salários do corrente mês que deverão ser pagos no final de janeiro.
A greve e o protesto da Global Media Group decorre no último dia para os trabalhadores chegarem a um acordo de rescisão voluntárias. Segundo os dados informais que a comissão de trabalhadores da TSF tem, apenas uma pessoa terá aceitado o acordo. Só na rádio, está prevista a saída de 30 trabalhadores.
“Não existe ainda uma lista concreta”, afirma o membro da comissão de trabalhadores, ressalvando que “maioritariamente tem de ser jornalista, porque na estrutura, sem ser jornalistas, não existem muitas pessoas”.
Sobre a reunião com o ministro da Cultura, Filipe Santa-Bárbara não tem expectativas concretas. Pede à sociedade que se mobilize de forma a permitir que os jornalistas e não-jornalistas do Global Media Group possam continuar a fazer o seu trabalho “de forma livre e sem ingerências”.
“Um administrador não pode decidir um tema de um fórum, não pode questionar que notícias são feitas. Essa é a reivindicação, que é a mais básica das mais básicas: deixem-nos trabalhar e paguem-nos condignamente, já agora – porque ontem [terça-feira] ouvimos o administrador a dizer que os salários pagos na TSF são vergonhosos.”
Filipe Santa-Bárbara sublinha ainda que a adesão à greve no Global Media Group “é total”. Uma vez que muitos jornalistas trabalham por turnos, estes números são ainda preliminares.
"Luta é muito mais do que apenas o salário de dezembro"
Os trabalhadores do Global Media Group estão em greve de 24 horas para mostrar repúdio pela intenção de despedir até 200 profissionais e em defesa do jornalismo.
"Contamos que hoje [quarta-feira] as publicações - falo do jornal O Jogo e dos restantes meios de comunicação social deste grupo - não saiam e que haja uma paralisação para mostrar como estamos unidos", disse o delegado sindical d' O Jogo, Frederico Bártolo, precisando que a informação até ao momento é de paralisação total no título desportivo.
O delegado sindical disse acreditar que os trabalhadores vão receber os ordenados em atraso, mas sublinhou que a "luta é muito mais do que apenas o salário de dezembro".
"O nosso lugar está em risco, 150 a 200 pessoas podem sair deste grupo de media que consideramos fundamental à democracia e que tem sido tão historicamente atacado por várias partes", disse.
Diz ainda que os trabalhadores querem demonstrar à sociedade civil que estão a lutar "não só pelo salário deste mês, mas por todos os salários", para que não vivam constantemente na incerteza.