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Baixa cobertura vacinal tem "um impacto considerável na mortalidade"

Gustavo Tato Borges, presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, aponta algumas falhas na campanha de vacinação que terão contribuído para a “fraca adesão à vacinação” verificada este ano.

SIC Notícias

O número de mortes disparou em Portugal e é o mais alto desde a pandemia. Há 10 dias consecutivos que está muito acima do habitual, mesmo para esta época do ano. Gustavo Tato Borges, considera que as alterações na campanha de vacinação verificadas este ano não terão sido bem comunicadas à população. O presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública reafirma o apelo para que não se recorra às urgências em situações não urgentes.

Em entrevista na SIC Notícias, Gustavo Tato Borges começa por referir que “há uma forte possibilidade de que a gripe esteja associada a este pico de mortalidade, para além do frio que temos andado a sentir e que agora se vai agravar também um pouco mais neste fim de semana e também devido àquilo que é a fraca qualidade habitacional do parque habitacional que temos com muitas casas antigas e não tão eficientes a controlar aquilo que é a variação da temperatura, acabam por deixar muitos dos nossos mais vulneráveis de facto em risco".

O presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública sublinha em especial que “a baixa cobertura vacinal pode ter uma relação direta com os recentes casos de gripe” e aponta algumas falhas que podem ter contribuído para esta situação.

“Apenas cerca de 61% dos nossos grupos de risco estão incluídos na norma da vacinação para este ano se vacinaram, acaba também por justificar que haja aqui um conjunto de pessoas mais velhas com 75 ou mais anos, que não estando a residir em lares, estão a residir na comunidade, têm aqui, um impacto considerável na mortalidade e que nos últimos 7 dias já vamos em 775 óbitos a mais do que aquilo que era esperado", refere.

O especialista em Saúde Pública aponta vários motivos para a “fraca adesão à vacinação” verificada este ano.

“As necessidades constantes de vacinação, depois também o facto de termos mudado a forma de vacinar este ano, abrindo mais locais para acesso, nomeadamente as farmácias, mas deixando de os convocar ativamente tanto as pessoas é que tinham que se dirigir às farmácias e pedir a sua vacinação”.

Gustavo Tato Borges considera que a alteração dos locais de vacinação não foi acompanhada pela devida comunicação e esclarecimentos à população.

“O tempo em que em que foi anunciado que foi muito em cima da época vacinal, se fosse uma coisa preparada com um bocadinho mais de tempo, poderíamos ter tido aqui um impacto mais agradável junto da população portuguesa”.


O presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública renova também o apelo para que não se recorra às urgências em situações não urgentes.

“A incidência da gripe ainda vai demorar um pouquinho a diminuir, ou seja, esta semana e a próxima poderão ser semanas ainda de elevada incidência quanto à mortalidade, para já, parece já estar a descer, o que é uma indicação interessante.”, conclui.

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