A pressão nos serviços de urgência dos hospitais mantém-se. O alargamento de horário nos centros de saúde tem ajudado a diminuir os tempos de espera, mas a situação continua muito complicada – em particular na região de Lisboa e Vale do Tejo. No hospital Fernando Fonseca (conhecido como Amadora-Sintra) há relatos de doentes com pulseira amarela – considerados urgentes – que esperam 18 horas para serem atendidos.
Um idoso de 89 anos sentiu-se mal no almoço de Ano Novo e foi para o hospital. Chegou ao Amadora-Sintra à 15:30 de segunda-feira, acompanhado pelo neto e pela filha. Ao início da manhã desta terça-feira, ainda não tinha sido visto por um médico. Só foi atendido às 09:30, algo que Vítor Macias, neto do idoso, não consegue entender.
“São neste momento 09:00, [o meu avô] está numa cadeira de rodas, sentado, com pulseira amarela, está quase a fazer 18 horas que está aqui no hospital”, conta, com a voz a falhar. “Há pessoas à frente, há pessoas à frente, e está assim… Tem 89 anos, sofre de demência, tem problemas de locomoção e isto é o estado em que temos a nossa saúde.”
O período da manhã é sempre o mais complicado nas urgências. O tempo de espera no Amadora-Sintra para doentes considerado urgente rondava as 18 horas. Os profissionais de saúde dizem que não têm mãos a medir
Em Loures, no hospital Beatriz Ângelo, a espera para doentes urgentes rondava as 13 horas. Em Santa Maria, o hospital de retaguarda da região de Lisboa e Vale do Tejo, era preciso aguardar cerca de nove horas.
A situação agrava-se por causa pela tolerância de ponto dada aos funcionários públicos. No Amadora-Sintra, as consultas externas estão fechadas esta terça-feira, numa altura em que os vírus respiratórios que continuam a não dar tréguas.
Situação no Norte foi mais calma
No hospital de São João, no Porto, a manhã desta terça-feira não foi das mais complicadas. O tempo de espera rondou as três horas para doentes urgentes. No hospital de Penafiel, aumentou o número de utentes à espera de vaga no internamento.
Desde o Natal que se tornou ainda mais difícil gerir o internamento do hospital de Penafiel. As 520 camas estão lotadas todo o ano. Com um aumento da afluência à urgência, há doentes que se acumulam no serviço até conseguirem ser internados. Na manhã desta terça-feira eram 71.
O tempo médio de espera para atender doentes triados com pulseiras amarelas chegou às 6 horas, depois de no fim de semana ter ultrapassado as 10 horas.
No São João, no Porto, a manhã também começou com mais demora na urgência de adultos devido ao elevado número de doentes que chegaram durante a noite. Em média, um doente urgente esperou três horas para ser visto na manhã desta terça-feira. Cenário melhor comparando com o 26 de dezembro, dia em que foram vistos quase 900 doentes.
As autoridades de saúde não se cansam de apelar aos doentes: antes de se dirigirem ao hospital liguem para a linha SNS24 para que seja feita uma pré-triagem. Os casos que não são críticos podem ser encaminhados para unidades de saúde. Há 187 centros de saúde com horário alargado, uma decisão do Governo para ajudar a diminuir a pressão nos serviços de urgência dos hospitais.