Ricardo Costa e Sebastião Bugalho concordam que a Ordem dos Médicos foi além dos seus poderes ao abrir um inquérito ao envolvimento de Lacerda Sales no caso das gémeas luso-brasileiras tratadas no Hospital Santa Maria.
“Isto é brincar com as Ordens. (...) O bastonário sabe perfeitamente que o que está a fazer é ilegal e contra a sua própria profissão. Os médicos deviam destituí-lo. Fê-lo, claramente, por interesses menores e políticos”, afirma Ricardo Costa.
Sebastião Bugalho acrescenta que tal só está a acontecer porque os intervenientes neste caso se estão a reservar ao silêncio “para além dos limites da razoabilidade”.
O comentador SIC aponta o dedo às reservas de Marta Temido e de Lacerda Sales em esclarecerem o seu envolvimento, situação que considera estar a gerar um “clima de opacidade que facilita o aproveitamento político de alguns partidos e da Ordem”.
“Isto é uma bizarria tal que faz com que Lacerda Sales esteja a ser alvo de maior escrutínio por ser médico do que a Marta Temido que era ministra da Saúde e não era médica”, diz.
“É evidente que há uma cunha”
Questionados sobre o início deste processo, Ricardo Costa defende que é evidente que “houve uma cunha”. Sublinha, no entanto, que o necessário é esclarecer se a administração do medicamento às gémeas foi ou não medicamente legítima.
“O que sabemos hoje, do ponto de vista clínico, é que é tudo correto exceto na referenciação para a consulta de especialidade de neuropediatria”, diz.
Sebastião Bugalho invoca o papel do Presidente da República, indicando que Marcelo Rebelo de Sousa “não conseguiu normalizar a sua ação” e que, por isso, “tal pode querer dizer que não o devia ter feito”.
O comentador SIC manifesta ainda preocupação com a velocidade a que foi concedida nacionalidade às duas crianças, uma situação habitualmente “impensável”.
“Catorze dias é muito pouco. (...) O que me preocupa é que o facilitismo tenha ido muito além dos medicamentos”, conclui.